Pai relata à polícia que adolescente saiu de casa para forçar os pais a aceitar união com pastor da Assembleia de Deus do Aureny III. O pastor nega participação na história
O artesão F. D. C. S. D. V., 33 anos, procurou a Delegacia Especializada na Proteção a Criança e ao Adolescente no centro da Capital (Palmas) para pedir investigação sobre o sumiço de sua filha, de 16 anos, na madrugada do dia 18 de maio. Ele e a mãe, A. C. 32 anos, detectaram a fuga da adolescente e procuraram em casas de parentes antes de registrar o Boletim de Ocorrência 031467/2020, no dia 20 de maio.
No boletim, o artesão afirma acreditar que a fuga da filha tenha sido para forçar os pais a aceitar o relacionamento com o pastor evangélico Antônio Ximenes Lopes Filho, que vai completar 51 anos no próximo dia 25 de maio.
Segundo o artesão, na madrugada em que fugiu, a filha mandou mensagem vias SMS dizendo que estava bem, e que "só voltaria para casa se os pais concordassem com o casamento dela com o pastor Ximenes". O pai conta que procurou o pastor e Ximenes disse "desconhecer o fato".
Antônio Ximenes é pastor da igreja Assembleia de Deus Missão no Aureny III. A reportagem o acionou pelo whatsapp e pediu uma manifestação sobre o caso. Ele retornou um áudio em que diz: “Meu amigo, eu não tenho nada a ver com essa história aí não, tá certo? Nada, nada, nada, ok? Eu não tenho nada a manifestar porque não tenho nada a ver com essa história”.
Em seguida, o repórter remeteu pelo aplicativo, a imagem com a cópia do BO e indagou se o posicionamento era mantido, mesmo com os pais da adolescente citando expressamente o nome dele no registro policial. Ximenes respondeu em mensagem: “Vou procurar os pais agora”.
Ouvida na tarde de sábado, a mãe disse que o caso dela está em todas as redes sociais, mas não tem novidades do paradeiro da filha. Segundo a mãe, o pastor entrou em contato com ela, mas para impedir que o casso viesse à tona. “Ele entrou em contato com nós, e disse pra nós ligar pro jornalista para pedir para retirar essa reportagem. Foi num tom de ameaça”, disse. A mãe conta que na noite de sexta-feira, 22, a filha também lhe telefonou, de um número desconhecido, para pediu que retirasse a denúncia na Delegacia de Polícia e não deixasse publicar a história.
A reportagem perguntou se a publicação poderia prejudicar a família, a mãe autorizou. “Não prejudica não, pode soltar a matéria”.
Segundo a mãe, a filha ainda não foi localizada e não recebeu nenhuma notícia de investigação policial. A mãe concordou em mostrar para a reportagem o áudio recebido. O pastor enviou o áudio acompanhado do print do pedido de manifestação feito pela reportagem pelo whastapp. Os prints enviados por Antônio Ximenes mostram o texto do repórter e a imagem com o BO remetidos.
São dois áudios. No primeiro, ele diz. “Minha irmã, aí tá muito claro que eu participei da fuga de sua filha, tá relatado, entendeu, isso aí fica muito difícil, inclusive sair no Jornal do Tocantins (inaudível) segundo informação do cara [o repórter], hoje, sobre isso aí, tou mandando o número para relatar pra vocês, para evitar alguma coisa pior. Vocês sabem, se dependesse de mim ela não tinha saído, e se depender de mim ela volta pra sua casa. E aí [na imagem do BO], tá muito claro dizendo que eu sou participante da fuga dela, aí tá muito explícito”.
No áudio seguinte ele fala sobre o print que contém o número do celular usado pelo repórter para contato com ele. “Aí está o número dele, contato dele, né, é bom vocês ligar para ele e explicar essa questão aí, porque vai sair no jornal e não vai ficar muito bom não, entendeu? Primeiro, porque vocês não têm prova... e vocês sabem da minha índole. E eu não quero prejudicar a (fala o nome da adolescente) nem você, nem sua família, eu quero... o máximo que eu fiz pra trazer a (cita a adolescente) de volta, agora se ela não quiser voltar eu não tenho culpa, mas do que depender de mim, na conversa que ela teve ela disse que não queria, eu disse é bom você voltar não faça isso com seus parentes seu irmãos, sua mãe, seus avós, mas ela não quis concordar, entendeu?”
Neste sábado, no fechamento do texto, as chamadas para o número dele não foram atendidas e nem aparecia mais disponível para mensagens.
Fonte: Jornal do Tocantins (Coluna vida urbana) Lailton Costa