A tão esperada vinda de um bebê ao mundo é uma das maiores sensações que uma mulher pode ter, mas o momento exige cuidados
Por: Patrícia Cunha
Dar a luz a um bebê é um momento mágico que costuma ser compartilhado em família, e com amigos próximos. A tão esperada vinda de um bebê ao mundo é uma das maiores sensações que uma mulher pode ter, e dividir esse momento de alegria com quem se ama é normal. Mas agora não. Agora o momento é de se resguardar, de se proteger e proteger a quem se ama. É o momento de curtir o bebê em segurança.
Mas não foi desse jeito que a administradora Jacione Abreu imaginou curtir a sua primeira gravidez, a gravidez de Yasmin, cuja vinda está prevista para o dia 15 de maio. Ela que tanto tentou e desejou gerar uma criança, precisa se isolar para proteger a si e ao bebê. “Meu sonho sempre foi poder gerar um filho e justamente agora, Deus me permitiu. E este está sendo o momento mais delicado da minha vida, uma misto de emoções, alegria, tristeza, ansiedade, medo, enfim, uma confusão sem tamanho”, disse Jacione.
Com a pandemia do novo coronavírus, todo cuidado é pouco. Segundo a Organização Mundial de Saúde estão sendo desenvolvidas pesquisas para entender os impactos da infecção da Covid-19 em gestantes. Os dados ainda são limitados, mas no momento não há nenhuma evidência de que elas corram mais riscos de desenvolverem uma doença mais grave do que a população em geral.
Porém, devido às mudanças nos corpos e nos sistemas imunológicos, as gestantes podem ser severamente afetadas por algumas infecções respiratórias. Por isso, é importante que elas tomem precauções para se protegerem contra a doença, e relatarem possíveis sintomas (incluindo febre, tosse ou dificuldades para respirar) para seus provedores de cuidados de saúde.
A OMS recomenda que as gestantes devem ter os mesmos cuidados para evitar a infecção pela covid-19 que as outras pessoas. E que as gestantes e as puérperas – incluindo as afetadas pela Covid-19 – devem seguir com suas rotinas de acompanhamento médicos. Nas diretrizes do Ministério da Saúde, a situação das grávidas é analisada na categoria de “Casos especiais”, a mesma que avalia como deve ser o atendimento de cardíacos e outros pacientes vulneráveis.
A médica ginecologista e obstetra dra. Lícia Kércia alerta para algumas mudanças no atendimento e parto da gestante para garantir a segurança e a saúde de todos.
“Durante esse período de pandemia, muita coisa muda para quem está esperando um bebê. Antes as consultas de pré-natal eram mensais, depois diminuía-se para 15 dias quando se aproximava o parto e depois, toda semana. Quando a mulher estava se organizando para ter o bebê na maternidade, tinha festa, decoração, lembrancinha, esperava-se toda família naquele momento de alegria. Só que hoje, devido ao que estamos vivendo, muita coisa a gente precisa adaptar para que a gente possa ter o processo de parto com segurança. Porque a mãe já é vulnerável por conta da imunidade baixa que a própria gravidez faz para mulher, e o bebê que vai nascer naquele momento não tem imunidade nenhuma então se ele tiver contato com o Sars-CoV-2, causador da pandemia de Covid-19, pode ser que esse bebê venha a ser infectado. Então, a gente está tendo que tomar alguns cuidados desde a gestação, até o momento do parto, para minimizar o processo de infecção da mãe e do bebê”, disse a médica.
Cuidado nunca é demais
A gestante, assim como toda a população, precisa evitar ao máximo sair de casa e se sair, que seja realmente para algo extremamente essencial. Inclusive, a medica orienta que alguns exames podem ser coletados em casa pelos laboratórios, e que a telemedicina está funcionando para que se evite a saída desse grupo de risco de suas casas de forma desnecessária. “Ela deve lembrar que ela é faz parte do grupo de risco e que ela deve ficar em casa, protegida, dar preferência para outra pessoa da família fazer compras, ir ao mercado, feira, ela precisa ficar mais em casa, deixar as saídas somente para consultas de pré-natal e para fazer os exames ultrassonográficos. Deixar as saídas para aquelas consultas que a gente não pode adiar, principalmente algumas gestações que são de risco”, alerta.
Nos partos agora, nada de aglomeração. A recomendação é que fique na sala apenas a paciente e um acompanhante. A equipe médica também diminuiu na sala. “Durante o processo de internação em que a mulher fica na maternidade só vai ficar um acompanhante, que vai ajudar nos cuidados da mãe e do bebê. Na questão do parto normal que antes era permitido a equipe de parto, toda a equipe que fica ali por trás no hospital do centro no centro cirúrgico, tivemos que diminuir porque são muitas pessoas circulando. Então para um parto normal ficam apenas o obstetra e o acompanhante da paciente, porque qualquer pessoa pode ser portadora assintomática, e a gente fazendo essas medidas a gente diminui o risco de contágio do bebê e da mãe”, disse dra. Lícia Kércia.
A medica finaliza dando uma dica para todas as mulheres que estejam esperando um bebê. “Evitem aglomerações. A gente sabe que hoje isso está proibido, mas mesmo assim muitas pessoas ainda não obedecem, ainda fazem reuniões familiares com mais de 5, 6 pessoas…. Evitem isso, principalmente se você, família, tem uma gestante em casa. Vamos cuidar das nossas famílias, vamos cuidar de nossos bebês, vamos cuidar das nossas gestantes”.
O sonho de gerar uma vida
Jacione sabe bem de todos esses cuidados que precisa ter agora e depois que o bebê nascer, com previsão para o dia 15 próximo, mas não esconde a frustração de não poder publicizar isso, embora reconheça que o momento inspira cuidados. “Estou isolada. Só saio mesmo para as consultas e estou ciente que terei somente um acompanhante para o parto e um para ficar no apartamento de visitas. Sem festinha, nada de fotógrafo, de decoração… É horrível, ainda mais eu que sempre sonhei com isso, e minha família e amigos sabem desse sonho e têm me acompanhado desde sempre”, lamenta.
Ela, que já é mãe do coração de Sophia Mikaelly, de 10 anos, sabe também que será um Dia das Mães bem diferente, mas que ela vê com otimismo. “Meu Dia das Mães vai ser o melhor de todos, pois tenho a Sophia e também estarei realizando meu sonho de ser mãe biológica. Também ter a minha mãe bem nesse momento, já é tudo. Deus está no comando e já, já, tudo vai passar e nossas vidas voltarão ao normal. O que desejo Yasmin é toda a felicidade do mundo. Só em nascer em meio a tanta turbulência ela já é uma guerreira, e que Deus esteja no controle da sua vida sempre”, pede Jacione.
Coronavírus X Gravidez
Transmissão
Ainda não se sabe se uma gestante com Covid-19 pode transmitir o vírus para seu feto ou bebê durante a gravidez ou o parto.
Até o momento, o vírus não foi encontrado em amostras do líquido amniótico ou leite materno.
Cuidados
Todas as gestantes, incluindo aquelas com confirmação ou suspeita de infecção pela Covid-19, têm o direito a cuidados de alta qualidade antes, durante e após o parto. Isso inclui cuidados pré-natal, neonatal, pós-natal e mental.
Amamentação
As mulheres com Covid-19 podem amamentar se assim o desejem. Elas devem: praticar a etiqueta respiratória durante a amamentação, usando máscara quando disponível; Lavar as mãos antes e após tocar o bebê; Rotineiramente limpar e desinfetar superfícies que tenham tocado.
Proteção
As medidas são as mesmas que devem ser tomadas pela população em geral: Lavar as mãos com frequência e/ou usar álcool gel; Distanciamento social de pelo menos 2 metros; Evitar aglomerações; Evitar tocar os olhos, o nariz e a boca; Cobrir a boca e o nariz com o cotovelo ao tossir e espirrar e, depois, descartar o tecido usado; Usar máscara; Em caso de febre persistente ou dificuldade de respirar, procurar o atendimento médico o mais rápido possível.
Simplifique
Fique apenas com sua família e não permita visitas agora. Verifique também se outros membros da família não estão em contato com outras pessoas. Faça com que todos de sua família lavem as mãos com água e sabão e se cuidem bem.
Aproveite
Tente ver o lado positivo de ter esse tempo para se relacionar em família. Aprecie o tempo juntos. É muito especial poder se relacionar apenas com seu bebê, descobrir esse novo ser humano e aproveitar isso.
Ajuda da família
O apoio da família e a participação do companheiro ou companheira são essenciais para que a mulher se sinta segura nesse período.
Os pais precisam, mais do que nunca, assumir seus papéis na criação dos filhos por meio da licença-paternidade, férias e participação nas atividades domésticas, nos cuidados com o bebê e com a mãe.
Fonte: Jornal "O Imparcial"