A Yara Fertilizantes espera iniciar até janeiro as operações do primeiro corredor logístico para caminhos movidos a gás natural liquefeito do país, com redução de ao menos 20% nas emissões de gás carbônico por viagem.
O projeto prevê inicialmente o uso de 150 caminhões, que farão o transporte de fertilizantes entre o porto de Itaqui, em São Luiz, e pontos de entrega para clientes do agronegócio, respondendo por cerca de 15% do fluxo comercial da empresa na região.
O combustível será fornecido pela Eneva, que tem produção de gás no sul do Maranhão, por meio de dois pontos de carregamento instalados em Santo Antônio dos Lopes e Balsas. Os caminhões a gás natural liquefeito, conhecido como GNL, já são fabricados no país pela Scania.
O GNL é obtido através do resfriamento do gás natural à temperatura aproximada de -160 ºC, reduzindo em cerca de 600 vezes o seu volume e possibilitando o transporte em longas distâncias. É nessa forma que ele é transportado entre continentes.
O combustível é visto pelo setor como alternativa importante para descarbonizar o transporte de cargas em um país de dimensões continentais como o Brasil. Garante autonomia de 400 a 1.200 quilômetros, superior a de veículos elétricos, sem necessidade de baterias.
Responsável pelo transporte, a VirtuGNL diz que os primeiros testes de viagens até Balsas indicam redução de 32% nas emissões de gás carbônico e ate 90% das emissões de particulados. A ideia é que os caminhões voltem a São Luiz com grãos produzidos na fronteira agrícola conhecida como Matopiba.
"Parte do diesel brasileiro é hoje importada e acreditamos que criar essa reduz nível de emissões, a necessidade de importação de diesel e cria uma nova cadeia logística mais sustentável", diz o diretor executivo de Marketing, Comercialização e Novos Negócios da Eneva, Marcelo Lopes.
"A adoção de uma matriz de transporte mais eficiente, de menor custo e impacto é fundamental para nos tornarmos uma empresa neutra em carbono até 2050", afirma Alberto Rodrigues, diretor de Logística da Yara Brasil.
As parceiras já preveem a expansão da frota para 300 caminhões e buscam oportunidades para expandir as operações para outros locais do país, principalmente os mercados do Sudeste e Centro-Oeste, de olho na oferta adicional de gás do pré-sal e na expansão da produção e biometano.
A assinatura do contrato de transporte foi feita nesta terça-feira (24), na feira ROG.e, com presença do ministro dos Transportes, Renan Filho. Ele disse que parte da receita de concessionárias de rodovias pode ser usada para incentivar a instalação de pontos de carregamento de GNL.
Ele questionou os elevados preços do gás natural do país, pregando maior abertura do setor, hoje concentrado nas mãos da Petrobras.
"Num país em que tudo cresce, como está estagnada a demanda por gás? Ocorre porque temos preço de gás muito caro", afirmou. "E a Petrobras que é a grande reguladora."
Autor/Veículo: Folha de S.Paulo