Aviação executiva ganha fôlego em meio à crise na pandemia
Política
Publicado em 17/11/2020

Enquanto os números da aviação comercial andam nublados e os aeroportos seguem esvaziados devido à crise instaurada pela pandemia, uma parte específica do fluxo aéreo vem apresentando voos melhores. Não chega a ser um rasante, mas empresários do ramo da chamada aviação geral - que engloba voos particulares, executivos e táxi-aéreo - têm sido unânimes em afirmar que o setor vive um momento de excitação.

Os motivos são vários. O principal deles, segundo quem atua na área, é o receio das pessoas em utilizar a aviação comercial devido à possibilidade de contágio pela Covid-19. Com um fluxo de usuários muito menor, os aviões de pequeno porte, com capacidade média que varia de 4 a 9 pessoas, acabam se tornando boa opção - desde que você consiga desembolsar 2 milhões de dólares por uma aeronave nova ou R$ 2 mil por um assento num voo de BH a São Paulo.

“Esse pessoal passou a voar mais, porque diminuiu a oferta de voos comerciais. Outro público que voava pouco ou não voava começou a se interessar pelo segmento”, explica o empresário Paulo Roberto, da Tamig, empresa que administra hangares de aviões. Ele lembra que a baixa frequência atual na aviação comercial tem deixado os voos bem cheios. “Isso tem criado uma melhora na aviação executiva, e muita gente tem se interessado em comprar aeronaves”, diz. Alguns modelos, por exemplo, só têm entrega agendada para o primeiro trimestre de 2021.

Agronegócio impulsiona mercado aéreo

Outra personagem que motivou esse aquecimento do setor é a soja. Segundo avaliam os empresários, os bons frutos alcançados pelo agronegócio brasileiro tem levado os empresários do ramo agrícola a investir cada vez mais na compra de aeronaves. “Eles compraram todas as unidades que tínhamos. A indústria da soja cresceu e o Centro-oeste dominou. O ramo de frigoríficos é outro que tem investido bastante em aeronaves”, comemora Wadson Vilela, proprietário da BHJet Aviação, que atua na compra e venda de aviões há 14 anos. A procura por aeronaves tem sido tão acima da média que tem provocado ágio no mercado. “Uma aeronave que custava 800 milhões de dólares pulou para 1 milhão em apenas três meses”, diz Wadson, que celebra um aumento de 30% nos seus negócios na comparação entre 2019 e 2020.

Curiosamente, o período em que os aeroportos ficaram fechados também ajudou a aquecer o segmento da aviação geral. Como os compradores de aeronaves não podiam viajar para adquirir os modelos no exterior, a demanda teve que ser suprida com o estoque que já se encontrava em território nacional, segundo contextualiza Wadson. “Isso beneficiou o mercado brasileiro”, diz.

Boas-novas também pousaram na gestão das empresas de táxi-aéreo a partir de agosto, quando a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou que essas empresas vendessem assentos individuais em seus voos. Outra movimentação que veio com a pandemia partiu de brasileiros residentes no exterior que demandaram bastante o táxi-aéreo para retornar o Brasil. Antes, outro filão ampliado foi o de voos para UTI aérea. Somente na Líder Aviação, a elevação para esse tipo de demanda foi de 400% no período de abril a maio. “E continuamos sendo procurados para casos assim, de pessoas residentes em lugares com saturação no sistema de saúde que acabam tendo que ir para cidades como BH, Rio ou São Paulo”, explica Bruna Assumpção, diretora superintendente de manutenção, fretamento e gerenciamento de aeronaves da Líder Aviação.

Com 59 aeronaves em seu plantel - 20 aviões e 29 helicópteros -, a Líder Aviação já prevê alcançar neste ano o mesmo faturamento do ano passado no setor de fretamentos, o que não deixa de ser um feito em tempos de pandemia com prejuízos por todos os lados. “Já estamos com 90% do faturamento de 2019. Em outubro crescemos 10% no comparativo com o mês anterior. A aviação executiva está retomando mais rapidamente em comparação à aviação regular”, finaliza a executiva.

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