Alvanei Xrixana de 15 anos estava internado desde o dia 3 de abril em estado grave
RIO - O adolescente ianomâmi de 15 anos que contraiu coronavírus morreu na noite desta quinta-feira. A morte, a terceira entre os indígenas em decorrência da Covid-19, foi confirmada ao GLOBO nesta sexta-feira pelo Ministério da Saúde, por meio da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami. Ele estava internado no Hospital Geral de Roraima e de acordo com o atestado de óbito, Alvanei Xrixana foi vítima de Síndrome Respiratória Aguda Grave.
Ele deu entrada no Hospital Geral no dia 3 de abril, com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Seu primeiro teste havia dado negativo, porém teve o resultado confirmado na segunda testagem para Covid-19, na terça-feira. Ele estava internado na UTI.
Cinco profissionais de saúde que tiveram contato com o adolescente já estão em isolamento, assim como as pessoas que estiveram com eles. Para Aldeia Rehebe, destino do adolescente após deixar o município de Alto Alegre por conta da suspensão das aulas, foram enviados 20 testes rápidos até o dia 10 de abril.
As lilderanças indígenas denunciam que o assédio de garimpeiros na região de Roraima complica ainda mais a situação dos ianomâmi. A Associação do Povo Indígena Karipuna (Apoika), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e o Greenpeace denunciaram na quarta-feira passada que indígenas Karipuna avistaram quatro invasores limpando uma área de floresta próxima à Aldeia Panorama, em Rondônia. Eles relatam também que escutaram ruídos de máquinas e motosserras.
Em nota, a Fundação Nacional do Índio (Funai) lamentou a morte.
O Brasil já soma ao menos oito casos de coronavírus entre indígenas de cinco etnias e três estados diferentes. Além dos registros de quatro familiares da etnia Kokama, em Santo Antônio do Içá, no Amazonas, outros quatro pacientes testaram positivo para a Covid-19. Uma delas, uma senhora borari de 87 anos, só teve o diagnóstico confirmado pela secretaria de Saúde do Pará, depois de ter sido sepultada, na vila de Alter do Chão, distrito de Santarém.
Em Manaus, dois casos já foram registrados: um homem de 45 anos da etnia Baré está isolado e outro da etnia Muru, que morreu.
O Globo