País tem 9.056 casos confirmados de Covid-19, um aumento 15% em relação ao dia anterior.
O Brasil bateu um novo recorde diário de registro de mortes por Covid-19, com 60 novos óbitos, e agora tem 359 óbitos confirmados, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados nesta sexta-feira (3). O recorde anterior havia sido registrado na quinta, com 58 mortes confirmadas em apenas um dia.
Em São Paulo, o número de mortes por coronavírus triplicou em uma semana. O estado registrou nesta sexta 219 óbitos relacionados à covid19. Na sexta da semana anterior, eram computadas 68 mortes.
Dessas 219 mortes, 24 tinham mais de 90 anos; 57 entre 80-89 anos; 66 entre 70-79 e 45 de 60-69 anos. As demais vítimas incluem pessoas com menos de 60 com comorbidades que, assim como os idosos, representam grupo mais vulnerável a complicações da Covi-19.
Com os novos dados, o país também já soma 9.056 casos confirmados da doença.
O número representa um salto de 15% em relação ao dia anterior, quando eram contabilizados 7.910 casos. O ministério, porém, tem informado que o número real de casos tende a ser maior, já que são testados apenas os casos graves, de pacientes internados em hospitais, e há casos represados à espera de confirmação.
Equipes de atenção básica em várias cidades e estados afirmam que a subnotificação ao Ministério da Saúde de casos suspeitos tem sido gigantesca. Dizem ainda que, sem uma portaria específica do ministério, médicos têm se guiado por notas técnicas locais com orientações distintas.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, voltou a fazer um apelo para que as pessoas fiquem em casa sempre que puderem. "Tivemos uma redução muito expressiva [na circulação], e talvez isso é que esteja segurando esses casos", disse ele, para quem o país "deve enfrentar semanas duras e dias difíceis".
"Se o Carnaval tivesse sido em março, e tivéssemos feito em março um Carnaval com esse vírus já circulando, teríamos tido uma tempestade para lá de perfeita."
Entre os estados, São Paulo lidera em número de casos, com 4.048 confirmações. Em seguida, está o Rio de Janeiro, com 1.074, Ceará, com 627, e Distrito Federa, com 402.
O ministério manifestou uma preocupação com cinco estados que possuem a maior taxa de incidência do coronavírus. O primeiro deles é o Distrito Federal que apresenta uma incidência de 13,2 casos para cada 100 mil habitantes - a média nacional é de 4,3 casos. Na sequência aparecem São Paulo (8.7), Ceará (6,8), Rio de Janeiro (6,2) e Amazonas (6,2).
Ao todo, 23 estados registram mortes em decorrência da Covid-19. O estado com maior volume de registros é São Paulo, com 219. Rio de Janeiro tem 47, seguido de Ceará, com 22.
Balanço da pasta com dados de 286 das 359 mortes registradas aponta que 85% ocorreram em pessoas acima de 60 anos. "Hora de proteger avós, tia-avós-madrinhas. É um ato de carinho agora não puxar o neto para o colo e não dar aquele beijo", disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Do total, 82% tinham ao menos um fator de risco, como doenças associadas — as principais são diabetes e hipertensão. O secretário-executivo do ministério, João Gabbardo dos Reis, diz que o novo coronavírus tem se mostrado mais "competente" na transmissão do que o imaginado no início do ano, quando os casos ainda eram restritos à China.
"A possibilidade de transmissão mesmo de pessoas assintomáticas ou com sintomas leves é muito intensa. Começamos trabalhando numa linha de isolar pessoas sintomáticas, mas vimos depois que não é suficiente, e que uma preocupação são também aquelas que não apresentam sintomas", afirmou, recomendando medidas de distanciamento social e o uso de máscaras de pano pela população ao sair às ruas.
A medida representa uma mudança nas orientações da pasta, que até então recomendava a medida. "No transporte coletivo, por exemplo, isso se impõe, e protege as pessoas de transmissão", diz.
Ainda segundo Gabbardo, a pasta poderá vir a requisitar leitos da rede privada em caso de necessidade.
O oposto também pode ser necessário, afirma. "Nesse momento em que a doença está ocorrendo em faixas econômicas mais elevadas, a rede privada também está precisando. Numa fase inicial, talvez o sistema público tenha que socorrer a iniciativa privada", disse.
Ao comentar projeções com base em números da China, Gabbardo lembrou que o país teve cerca de 3.000 mortes. Mandetta, porém, disse desconfiar dos números. “Um país de 1,5 bi [de pessoas] falar que teve 3.000 óbitos é digno de muitas perguntas”, disse.
Folhapress-Natália CancianTalita Fernandes Renato Machado