As máscaras cirúrgicas normalmente são suficientes para proteção respiratória do trabalhador de saúde, mas devido à presença deste tipo de coronavírus em superfícies de diferentes materiais, deve-se utilizar também aventais e luvas.
Por Serviço de Comunicação Social - SCS da Fundacento
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde – OMS, o percentual de trabalhadores da saúde afetados pela Covid-19 varia entre 8% e 10%. De 31 de dezembro de 2019 a 23 de março de 2020, o mundo contabilizou aproximadamente 335 mil casos de Covid-19, em 190 países. Já ocorreram cerca de 15 mil mortes. Os dados foram apresentados ontem, 24 de março, no webinar “EPI-WIN COVID-19” da OMS, com o tema saúde pública e distanciamento social, que teve a participação do pesquisador da Fundacento, Eduardo Algranti.
Médico pneumologista, Algranti também participou da edição da semana passada, em que se discutiu o impacto da epidemia de Covid-19 em trabalhadores do setor saúde com base na experiência recente do norte da Itália. “Há necessidade do uso correto do EPI [Equipamento de Proteção Individual]. É preciso saber como manipular e retirar”, explica.
Mas qual o equipamento ideal? “As máscaras cirúrgicas normalmente são suficientes para proteção do trabalhador de saúde, exceto em situações específicas como coleta de exames, intubação, endoscopias, aspirações, trocas de tubulações de aparelhos de ventilação mecânica e outros. Nestes casos, é necessário que se utilize proteção respiratória adequada e, se necessário, barreira facial. Para informações qualificadas sugerimos visitar o site do CDC [Centers for Disease Control and Prevention]”, afirma o pesquisador da Fundacentro.
A proteção de barreira, no entanto, não se limita à proteção respiratória. Esse tipo de coronavírus persiste em superfícies de diferentes materiais, incluindo roupas. Por isso, trabalhadores de saúde que manipulam pacientes também devem utilizar aventais e luvas. “Há técnicas para o uso adequado de equipamentos de proteção e há necessidade de treinamento dos usuários”, afirma o médico pneumologista.
Experiência italiana
O professor Claudio Colosio, diretor do International Centre for Rural Health, da Universidade de Milão, apresentou propostas de conduta com base em análises de dados de dois hospitais filiados à Universidade, na reunião virtual de 19 de março.
“Na experiência italiana cerca de 90% dos trabalhadores do setor saúde que apresentam teste para Covid-19 positivo são assintomáticos. Contrariamente a outros grupos ocupacionais, trabalhadores da área de saúde que atuam em serviços de atenção ao público não irão entrar em teletrabalho. Serão hipersolicitados, e a identificação de portadores assintomáticos é relevante para os cuidados que se fazem necessários”, resume Algranti.
Também é necessário considerar, segundo o médico, que há um contingente de trabalhadores do setor saúde cujas funções não envolvem contato com o público e podem ser realizadas por teletrabalho. “A determinação de manutenção de trabalho presencial para trabalhadores de saúde de forma indiscriminada coloca em risco trabalhadores cuja atividade pode ser realizada a distância”, alerta.
O pesquisador da Fundacentro ainda destaca que a disponibilização de canais de informação e teleatendimento para a população podem auxiliar no alívio da carga de visitas presenciais a serviços de saúde e, consequentemente, amenizar oportunidades de contágio. Uma entrevista virtual com imagem pode ser suficiente para uma correta orientação ao cidadão.
“Na experiência italiana, anosmia, alterações de paladar e hiperemia conjuntival são sintomas leves, porém, altamente suspeitos de Covid-19”, aponta Eduardo Algranti, a partir das informações do webinar da OMS.
Distanciamento social
O Brasil está no nível de transmissão comunitária, e é importante considerar que a velocidade da pandemia acelera com o tempo. Foram 67 dias desde o primeiro caso reportado para se chegar a 100 mil casos, mas bastou apenas 11 dias para se alcançar mais 100 mil e somente 4 dias para outros 100 mil.
As medidas de massas são consideradas necessárias para conter o avanço. Mas já se começa pensar internacionalmente na possibilidade de aberturas, por exemplo, nos casos dos profissionais que continuam trabalhando, como os de saúde, e não têm escolas e creches para deixar os filhos. Também se debateu como realizar investigações para considerar a doença como ocupacional.
Saiba mais
Cartilha de Proteção respiratória contra agentes biológicos para trabalhadores de saúde, da Anvisa, elaborada em conjunto com a Comissão de Estudos de Proteção Respiratória do CB 32/ABNT e a Fundacentro