A economia internacional passa por dificuldades diante do coronavírus (COVID-19). No Maranhão, um dos setores em apuros é o de turismo – agências de viagem apontam uma queda brusca na venda de pacotes tanto nacionais quanto internacionais em relação ao ano passado.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV-MA), Jansen Santos, se comparado a 2019, a procura de pacotes de viagem para a Europa caiu em mais de 50% na empresa em que trabalha, Boulevard Turismo. Jansen conta que países como a Itália, que costumavam ser um dos principais destinos na rota dos viajantes, têm sido deixados de lado por serem os mais atingidos pela epidemia – seu território já conta com 41 mil contagiados e mais de 3 mil mortos pelo vírus.
Em janeiro [quando apareceram os primeiros casos de COVID-19], as pessoas começaram a recuar. Os pacotes que eram vendidos para a Europa foram remanejados em grande parte para estados dentro do Brasil
explica o presidente da ABAV-MA.
Entretanto, com o agravamento da crise e o surgimento dos primeiros casos no país, os voos domésticos também passaram a ser desconsiderados, o que fez a Boulevard Turismo registrar uma queda de 70% no seu lucro total – que abrange vendas de pacotes nacionais e internacionais – em relação a este mesmo período no ano passado.
A situação é similar com a Taguatur Turismo, que informou que, nos últimos 10 dias, nenhum pacote foi vendido, e que a tendência é continuar assim.
A explicação para isso são os números do Ministério da Saúde. Até às até 21h00 deste domingo (29), 3.904 casos confirmados de novo coronavírus (Sars-Cov-2) no Brasil em 26 estados e no Distrito Federal.
O Ministério da Saúde atualizou seus números na tarde desta segunda-feira, informando que o Brasil registra 3.904 casos confirmados do novo coronavírus e que já foram registradas 114 mortes, 30 no estado de São Paulo e quatro no Rio de Janeiro. Diante disso, a recomendação das autoridades é de que se faça quarentena, além de se evitar aglomerações e viagens.
Apesar da baixa nas compras, Jansen afirma que nenhum dos pacotes que já haviam sido comprados anteriormente foram cancelados, somente adiados e com os destinos trocados. Alguns grupos formados por 45 pessoas que deveriam viajar dentro do território nacional no mês de abril tiveram sua viagem reagendada para setembro deste ano. Até lá, o agente acredita que a epidemia estará mais controlada.
Os cancelamentos são uma preocupação que se alastra para todo o setor brasileiro de aviação. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), suas associadas registraram, em média, queda de 30% na demanda por voos domésticos e redução de 50% nas viagens internacionais em relação ao mesmo período do ano passado. O grupo Latam, por exemplo, chegou a cancelar 70% de todos os seus voos.
Nós da ABAV estamos com a campanha ‘adie, mas não cancele’. Tentamos convencer os clientes de que o melhor é reagendar a viagem para o futuro, pois as agências podem sofrer um impacto muito grande com alto número de cancelamentos e reembolsos,
explicou.
Em comunicado, a ABAV informou que está negociando com os emissores de vouchers de hospedagem e passagens para que seja facilitado o processo de remarcação e cancelamento sem que seja cobrada taxa dos clientes.
A estudante Lorenna Dominici foi uma das pessoas que se viram obrigadas a cancelar a viagem internacional. Em abril, ela iria viajar do Maranhão à Patagônia, mas o governo argentino decretou isolamento compulsório desde a última sexta-feira (20) até o dia 31 de março. Alarmado, seu grupo de viagem se viu obrigado cancelar a excursão.
“Está muito atolado de ligação. Então, pediram para a gente entrar em contato com as companhias aéreas mais para perto do nosso voo”, explicou. “Como foi cancelada a excursão, eu não posso adiar. Nem que eu tenha que lutar judicialmente contra as empresas, eu não tenho o que fazer na Patagônia sem uma turma”.
A estudante Sarah Froes também teve que abrir mão da ida para São Paulo, cidade brasileira com o maior número de casos confirmados de COVID-19. “Eu esperava que até o dia da viagem já tivesse diminuído, só que começou a ficar mais grave”, relatou. Agora, ela está tentando cancelar, mas afirma não estar conseguindo por conta da alta procura.
Com a chegada da epidemia também aos estados nordestinos e a suspensão das visitas em parques do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBIO), o técnico Cláudio Viégas também teve que adiar o passeio em Recife que faria na semana que vem. “Quando soube da notícia, acionei a agência de viagem e os bilhetes de ida e volta e passeios foram cancelados. Fiquei com os créditos para alguma data segura”, disse.
Apesar da situação alarmante atual, Jansen Santos vê o futuro com positividade. “A expectativa é que isso passe rapidamente, que até o final de maio já estejamos organizados e que o surto tenha desaparecido. Se obedecermos às autoridades, com certeza [o vírus] não vai ser propagado no país”, alegou.
INTERCÂMBIOS
Outra área que também seria prejudicada economicamente pelo surto é a de agências de intercâmbio, que vendem pacotes para que estudantes passem um tempo mais prolongado no exterior. Contudo, de acordo com Ivo Santos, coordenador de marketing da Via Mundo, a procura por esses programas não teve impacto negativo significativo.
“Na verdade houve um aumento da procura até pouco antes da Corona ser declarado uma pandemia e a Europa virar o epicentro. Mesmo com o agravamento da situação nas últimas três semanas, a procura continua. As pessoas só estão jogando a viagem um pouco mais pra frente”, explicou. Normalmente, os grupos embarcam a partir do final de junho.
Segundo Ivo, os destinos procurados para esses programas não mudaram. Os países mais buscados por adolescentes seguem sendo a Inglaterra, Irlanda e Malta para intercâmbio e Portugal, França, Inglaterra e Itália para turismo. Os adultos, por outro lado, passaram a buscar destinos alternativos, como África do Sul, Argentina e Inglaterra.
Apesar de não impedir que as viagens ocorram, as dúvidas acerca do vírus são uma questão levantada por clientes. “Os meios de comunicação tem passado muita informação e atualizações em tempo real, do que cada país está tomando como ação para conter os avanços do vírus. Em geral, eles perguntam como está a situação no país onde eles querem ir”, contou o coordenador.
COVID-19 NO MARANHÃO
Até o momento, o Maranhão possui 22 casos confirmado do COVID-19. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MA), desde o início do monitoramento, 379 casos foram descartados. Até o momento, o Maranhão registrou 647 casos de possível infecção por COVID-19 estão sendo acompanhados por equipes do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS).
No dia 16 de março, o governador do Maranhão, Flávio Dino, assinou um decreto com medidas de segurança que incluem a suspensão temporária de eventos e shows com grandes aglomerações que precisem da licença do Corpo de Bombeiros; de aulas em instituições públicas e privadas do Maranhão; e de plenárias e reuniões organizadas pelo Governo do Estado. Também passa a ser obrigatório que restaurantes mantenham uma distância mínima de dois metros entre uma mesa e outra.
A prefeitura de São Luís anunciou, no dia seguinte (17) um reforço das medidas para prevenção do novo coronavírus (COVID-19) em São Luís. Entre as medidas está a higienização do transporte urbano, a suspensão, por 60 dias, das férias dos profissionais da saúde, bem como a disponibilização de cerca de 50 leitos, incluindo UTI, para atender exclusivamente aos pacientes que apresentem sintomas.
O decreto municipal recomenda que as empresas que prestam os serviços de transporte coletivo mantenham uma rotina diária de limpeza dos veículos nas áreas de contato dos passageiros como barras, portas, janelas etc. A limpeza deve ser feita com água e sabão ou álcool em gel a 70%. Entre as medidas está ainda o cancelamento da emissão de autorização para realização de eventos públicos ou privados para evitar a aglomeração de pessoas.
CUIDADOS
A principal recomendação das autoridades para prevenir a contaminação pelo coronavírus é o isolamento. O ideal é ficar em casa e sair somente para o necessário, como ir ao supermercado e farmácia. Todas as vezes que entrar em casa, se deve fazer higienização do corpo todo, das roupas e dos itens trazidos, mas principalmente das mãos.
O Ministério da Saúde alerta para lavar as mãos constantemente e evitar aglomerações. Em público, não levar a mão ao rosto. Superfícies e objetos constantemente tocados, como celulares, maçanetas, brinquedos e corrimãos, devem ser desinfetados e até a forma como se cumprimenta pessoas deve mudar, evitando contato físico. Ao tossir ou espirrar, a boca deve ser coberta com o antebraço ou com lenços e, em caso de sintomas, a pessoa deve ser isolada em casa ou no hospital por 14 dias.
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