Ex-ministra da Agricultura e ex-presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), a senadora Kátia Abreu (Progressistas) enviou carta nesta sexta-feira, 20, ao embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, dois dias depois da crise diplomática aberta pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
A crise foi deflagrada por uma série de postagens do parlamentar no Twitter, atacando a posição da China no combate ao coronavírus. Wanming rebateu numa postagem na rede social e exigiu retratação do filho do presidente Jair Bolsonaro.
Inaceitável
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, também comprou a briga, mas do lado de Eduardo Bolsonaro e chamou a reação do embaixador de “inaceitável” e “desproporcional”, pedindo retratação da embaixada.
Palavras impensadas
Na carta a Wanming nesta sexta-feira, Kátia afirmou que “mais fortes que eventuais palavras impensadas e inconsequentes são os princípios de sinceridade, efetividade, afinidade e boa-fé” que unem Brasil e China. “Como Senadora da República e como cidadã brasileira, quero dizer que ninguém poderá sabotar a grande união dos povos da China e do Brasil”, garantiu a senadora tocantinense.
80% da soja para chineses
Ela se diz “defensora incondicional da agropecuária” e lembra que o setor gera mais de 30 milhões de empregos diretos e responde por R$ 1,4 trilhão de ganhos à economia brasileira. “Mais de 80% da soja produzida aqui é consumida pelos chineses”, ressalta.
Solidariedade e apelo
Ao final do documento, Kátia pede ao embaixador que “transmita ao povo chinês minha solidariedade e meu apelo para que possamos seguir avançando na mesma direção neste processo de ajuda mútua, trilhando um caminho de amizade, cooperação e ganhos compartilhados com peculiaridades distintas”.
Confira a íntegra da carta da senadora Kátia Abreu:
“EXMO. EMBAIXADOR YANG WANMING, REPRESENTANTE DA CHINA NO BRASIL
Venho apresentar sinceros cumprimentos e cordiais saudações ao povo chinês!
Como Senadora da República e como cidadã brasileira, quero dizer que ninguém poderá sabotar a grande união dos povos da China e do Brasil. Mais fortes que eventuais palavras impensadas e inconsequentes são os princípios de sinceridade, efetividade, afinidade e boa-fé que nos unem. Tenho a mais firme convicção de que o futuro das relações Brasil-China é ilimitado, está cheio de esperança, de amizade, de ganhos compartilhados e cooperação amistosa e benevolente.
Estive na China uma dezena de vezes na última década. Vi com meus olhos as cidades chinesas, o desenvolvimento vigoroso do país, a aspiração do povo chinês — exatamente como a aspiração do povo brasileiro — pela felicidade. Acredito que nossos países hão de realizar em sua plenitude a vocação de nações com grande projeção internacional, não como um fim em si mesmo, não como exercício de políticas de poder, mas como um instrumento do desenvolvimento e bem-estar dos seus povos.
Sou defensora incondicional da Agropecuária, setor que gera mais de 30 milhões de empregos diretos e responde por R$ 1,4 trilhão de ganhos à nossa economia. Mais de 80% da soja produzida aqui é consumida pelos chineses. Nossas exportações agrícolas ultrapassam os US$ 102 bilhões ao ano, com superávits comerciais anuais superiores a US$ 88 bilhões. Os números mostram as conquistas notáveis da cooperação Brasil-China por meio da Agricultura.
Sr. Embaixador, transmita ao povo chinês minha solidariedade e meu apelo para que possamos seguir avançando na mesma direção neste processo de ajuda mútua, trilhando um caminho de amizade, cooperação e ganhos compartilhados com peculiaridades distintas. Como aprendi com os chineses: “uma árvore com raízes profundas dá bons frutos, uma lâmpada com óleo suficiente emana luz brilhante”.
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