Desde a descoberta na China, no final do ano passado, o COVID-19 vem causando muita preocupação no mundo todo. Uma das consequências do avanço da doença é o impacto na economia, já sentido em vários países, e que deve atingir outros conforme o aumento de casos forem sendo registrados.
Com as orientações para a população evitar aglomerações e outras medidas adotadas pelos governos, no Brasil, os hábitos diários das pessoas já estão mudando. Grande parte das empresas liberou os funcionários para fazer home office (trabalho remoto), muitas escolas e faculdades cancelaram as aulas e eventos importantes foram adiados.
Com isso, o comportamento dos consumidores também deve mudar e um dos setores mais atingidos tende a ser o varejo. Qual a projeção destas mudanças e como elas podem afetar os varejistas?
O avanço do Coronavírus
Os países enfrentam diferentes estágios da pandemia. Enquanto na China os casos de novos infectados vêm caindo, a Itália continua sofrendo com o período mais severo da doença, como mostra o quadro do Worldometer. No Brasil, o primeiro registro oficial de óbito pelo coronavírus ocorreu esta semana, na cidade de SP.
Segundo o Centro de Contingência para o Coronavírus do governo do Estado de São Paulo, 460 mil pessoas podem ser infectadas na região nos próximos meses. A projeção estima que no pior cenário 10% da população possa adquirir a doença, o que corresponderia a 4,6 milhões de pessoas, somente no Estado.
Aos poucos, novos casos vão sendo registrados em outros locais do Brasil e a precaução para conter o avanço da doença começa a ser cada vez mais amplo.
Por que a doença deve impactar o varejo
O COVID-19 enfrentou e ainda enfrenta diferentes estágios nos países atingidos. Mas um ponto em comum, em todos eles, é a tendência de mudança observada no comportamento dos consumidores.
Numa pesquisa feita pela consultoria Kantar, em mil lares chineses, 55% dos consumidores estão se abastecendo por plataformas de e-commerce. Com pessoas ficando mais em casa, houve um aumento de 40% em gastos com alimentos e bebidas.
Numa pesquisa feita com norte-americanos pela Coresight Research, 27,5% deles já haviam diminuído visitas a locais como restaurantes, mercados, cinemas e centros de compras. E em caso de agravamento da doença este número poderia subir para 58%.
No Rio de Janeiro, onde a doença começa a avançar, já se observa mudanças significativas nos hábitos das pessoas. A ASSERJ (Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro) veiculou no último dia 15, que em algumas regiões como Barra da Tijuca, Recreio e Jacarepaguá houve maior movimento de clientes nos supermercados nos últimos dias.
Segundo a mesma fonte, os produtos mais procurados são de consumo essencial como papel higiênico e leite, além de outros para garantir o abastecimento momentâneo, como sucos e alimentos congelados. A falta de álcool gel, muito recomendado diante do enfrentamento ao coronavírus, também já é sentida.
Como o varejo pode se preparar
Assim, fica claro que o setor varejista já está sendo e deve ser impactado consideravelmente com todas estas mudanças no comportamento de compra do consumidor.
O impacto está relacionado à possível opção por outros canais de compra, à diminuição de clientes nas lojas físicas, ao aumento da procura por alimentos básicos e num cenário mais grave, à dificuldade de reposição de produtos por bloqueio de barreiras geográficas.
Mas algumas medidas podem ser implementadas pelas lojas para driblar estes desafios:
- O estoque deve ser um ponto de cautela. Dedicar atenção aos produtos essenciais, como: papel higiênico, leite e alimentos não perecíveis é fundamental.
- Acompanhar a venda destes itens semanalmente para prever alterações na demanda, caso haja uma explosão nas vendas deve fazer parte da rotina.
- Uma medida para evitar rupturas no estoque é comprar um volume entre 10% e 20% a mais nos itens que possuem demanda além do esperado.
- Deve ser dada importância em manter contato direto com os fornecedores para alinhar questões de produção e logística de entrega.
- Lojas que possuem canal de televendas, devem informar o público sobre o recurso, via WhatsApp e SMS. As que não possuem, se faz necessária a implementação para otimizar a comunicação com os clientes.
- A venda pelo televendas e a entrega a domicílio é uma boa medida, principalmente para os idosos. Uma solução como a CBM da Mercafacil pode auxiliar a segmentar este público.
- Este é um ótimo momento para que os varejistas que possuem e-commerce divulguem a alternativa de compra aos consumidores.
- Empresas que trabalham junto à plataformas como Ifood, devem incentivar a compra pelo canal.
Este não deve ser um momento de pânico, mas os varejistas devem estar atentos às mudanças e antecipar ações para evitar a perda de clientes e a oscilação nas vendas, ao longo do avanço do Coronavírus.
No E-BOOK: As mudanças no comportamento do cliente diante do Coronavírus os varejistas podem saber mais sobre os possíveis impactos no varejo e como agir para diminuir os efeitos colaterais neste cenário.