Repórter ADVFN
O Citi foi mais um banco a reforçar a recomendação de compra para os ativos da Vale, com o preço-alvo do ADR (American Depositary Receipt), ou papel negociado na Bolsa americana, em US$ 18,50, um potencial de valorização de 38% em relação ao fechamento de segunda-feira (4).
Esse preço alvo considera o preço do minério de ferro em US$ 120 a tonelada e o desempenho reportado pela mineradora referente ao quarto trimestre de 2023.
“Nós vemos alguns investimentos positivos. O guidance (projeção) parece realista e o preço do níquel parece perto de um piso”, segundo nota divulgada pela área de análise do banco.
Para 2024, a produção de minério de ferro estimada pela Vale (BOV:VALE3) é de 310 milhões de toneladas métricas a 320 milhões de toneladas métricas.
Segundo o banco, a grande dúvida é em relação ao momento da empresa em meio às notícias sobre o CEO, concessões ferroviárias e as negociações sobre a Samarco, apontando que os comentários recentes do presidente Lula sobre a Vale “não parecem encorajadores.”
Na semana passada, o presidente Lula afirmou que a Vale, e todas as empresas brasileiras, deveriam seguir um pensamento alinhado com o governo para o desenvolvimento do país.
As estimativas do Citi consideram que as vendas totalizem US$ 42,65 bilhões em 2024, acima do valor ajustdao de US$ 41,78 bilhões do ano passado. Já a expectativa de Ebitda ajustado é de US$ 19,246 bilhões, 1% superior ao ano passado. Nesse caso, a margem Ebitda passaria por uma redução, indo de 45,6% para 45,1%.
Nesta terça-feira, por sua vez, os analistas do BTG Pactual cortaram a recomendação das ações da Vale para “neutra” e reduziram o preço-alvo do ADR de US$ 19 para US$ 16 dólares, em um “mea culpa” no qual afirmam que estiveram errados sobre a visão positiva da casa para a mineradora por mais de um ano.
Em relatório a clientes, o banco destacou que uma postura construtiva em relação à companhia valeu a pena durante vários anos, desde 2017, “mas tem sido muito dolorosa há mais de um ano”.
“Há algumas semanas, admitimos que o cenário para a tese de investimentos na Vale havia se deteriorado acentuadamente ultimamente. Agora, com o ruído recorrente e o contínuo descolamento das ações dos fundamentos, não temos certeza do que faria esta tese funcionar.”
“Com tantas pendências iminentes e a nossa capacidade limitada de prever os resultados, a nossa confiança na tese de investimento diminuiu materialmente.”
Os analistas do banco elencam que a Vale tem enfrentado um ruído intenso nas últimas semanas, que se intensificou recentemente em meio às discussões do conselho de administração sobre quem será o próximo CEO. Também apontam que o fluxo de notícias em torno da Samarco/Renova piorou, com a empresa reconhecendo provisões adicionais, que ainda podem ser materialmente mais elevadas, uma vez que uma resolução final ainda pode levar meses.
A empresa, de acordo com a equipe do BTG, ainda passou por uma série de interrupções operacionais no Estado do Pará, indicando animosidade das autoridades locais em relação à companhia.
“Para ser justo, a Vale tem estado sujeita a um alto grau de ruído e pressão política ultimamente, o que acreditamos ser injusto e claramente excessivo”, avaliam, ressaltando ainda que existe uma clara divisão entre os membros do conselho sobre a direção futura da empresa, o que veem como “preocupante para uma empresa com tantos desafios pela frente”.
Os riscos, de acordo com a equipe do BTG, aumentaram recentemente, pressionando a geração de fluxo de caixa livre e o potencial de dividendos da empresa — e ainda não foram totalmente precificados pelo mercado. E embora considerem as ações subvalorizadas, avaliam que agora parecem mais uma “value trap” (armadilha de valor) do que uma oportunidade atraente.
“Preferimos adotar uma postura cautelosa e aguardar a resolução de pendências e incertezas políticas antes de restabelecer nosso viés historicamente positivo”, afirmaram.
Às 12h05 (horário de Brasília) desta terça, os ativos VALE3 caíam 0,71%, a R$ 66,25, com queda acumulada de 14,20% em 2024.
Informações Infomoney