Duas mulheres trans foram atacadas por um grupo de homens durante uma festa no município de Imperatriz, no Maranhão
De acordo com as vítimas, a confusão teve início após um dos agressores puxar o cabelo de uma delas. Ao questionarem o gesto, contam, foram ridicularizadas pelo grupo de amigos e discutiram com o responsável pelo ato. A cobrança virou um embate físico em que vários homens tomaram parte, agredindo as duas até que um policial os afastasse. A Polícia Civil do Maranhão declarou que investiga o caso e que ele foi encaminhado para a Delegacia Especial da Mulher do município.
"Vamos supor que você, homem, e você, mulher, que está lendo essa publicação, sejam casados. Estão em uma festa, curtindo 'de boa', e do nada puxam o cabelo da sua namorada(o), da sua prima, seja quem for do seu convívio. Essa pessoa vai tomar satisfação... E ela fica zombando da sua cara na frente de todo mundo. Qual seria a sua reação? Ficar calado? Deixar isso para lá?", escreveu uma das mulheres trans nas redes sociais.
Em um vídeo postado por ela, é possível ver as duas vítimas confrontando um homem, mas não é possível escutar o que dizem. Após discutirem de forma intensa, as agressões começam. Pessoas que estavam em volta chegam a atacar as mulheres por trás.
"Estava eu andando na rua, de boa em Imperatriz, e pegaram meu cabelo. Eu 'tô' toda 'desgraçada' aqui", prosseguiu a vítima no relato. "Quanto tempo mais a gente vai viver nisso? As garotas trans não podem mais andar na rua, não pode mais andar do jeito que a gente quer ou gosta, porque a gente pode sofrer uma transfobia. Gente, os gays também. Eles não aceitam", completou, entre lágrimas.
Amigos próximos aproveitaram a postagem para parabenizar a coragem das mulheres por tentarem se proteger. "Não baixaram a bola para esse povo covarde", afirmou um dos perfis.
Para a presidente do Fórum Nacional de Travestis e Transsexuais Negros e Negras (Fonatrans), Jovanna Cardoso da Silva, a violência contra pessoas trans permanece em alta:
— Ela está muito vista, muito latente. As pessoas não tem mais receio de agredir uma travesti, de atirar em uma mulher trans.
A Polícia Civil do Maranhão informou que solicitou o comparecimento das vítimas à delegacia para que "seja iniciada a apuração dos fatos. "O curso da investigação esclarecerá as circunstâncias, motivação e envolvidos" no episódio, acrescentou o órgão.