Indicado por Lula ao STF, o ministro Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), 55 anos, é de uma família que sempre teve ligações próximas com o poder. Se seu nome for confirmado pelo Senado para o Supremo Tribunal Federal, no entanto, ele será o 1º a ocupar a mais alta Corte do país.
As informações sobre a família de Dino foram levantadas por José Barros Filho em uma dissertação pela UFMA (Universidade Federal do Maranhão) de 2007. Eis a íntegra do trabalho acadêmico (PDF – 2 MB).
Dino descende de uma família tradicional do Amazonas, os Tapajós.
O patriarca, Francisco Manuel Antônio Monteiro Tapajós (1815-1877), era dono de terras às margens do rio Tapajós e ajudou o então imperador d. Pedro 2º a derrotar a Cabanagem (leia abaixo).
o que foi a Cabanagem ou Guerra dos Cabanos – uma revolta que durou de 1835 a 1840. Foi composta principalmente por indígenas, negros, escravos e mestiços na então província do Grão-Pará (que hoje é o Estado do Pará) logo depois da independência do Brasil. Eles protestavam por melhores condições de vida.
Como recompensa, o tetravô de Dino foi proclamado pelo imperador “Herói de Tapajós”. Entrou para a política, virou deputado provincial e em 1894 ocupou a presidência da Assembleia Provincial do Grão-Pará. Isso abriu portas para as gerações seguintes:
o avô de Dino – o avô de Dino, Nicolau Dino de Castro e Costa (1900-1976), se formou na então Faculdade de Direito do Pará em 1920. Depois, foi para o Maranhão, onde ingressou na carreira jurídica em uma época em que os cargos no Judiciário se davam por indicação de políticos. Virou juiz de direito e 1 ano depois, foi nomeado desembargador do Tribunal de Justiça do Maranhão;
o pai de Dino – Sálvio de Jesus Castro e Costa (1932-2020) também se formou em direito, na Faculdade de Direito de São Luís. Registros históricos mostram que ele também trabalhou como jornalista, tendo sido redator e repórter dos Diários Associados e cronista do jornal O Estado do Maranhão. Foi eleito vereador aos 22 anos (1954) e deputado estadual (1962).
Teve seus direitos políticos cassados pela ditadura militar em 1964, acusado de “exercício de atividades comunistas”. Flávio Dino já disse, em entrevistas, que a perseguição dos militares ao pai foi importante para moldar sua ideologia política. Em 1966, passou a integrar a Secretaria de Fazenda de José Sarney, que governou o Maranhão de 1966 a 1970.
Cinco anos depois, foi nomeado procurador do Estado no governo de Pedro Neiva de Santana (1907-1984).
Dino tem 3 irmãos. Um deles é jurista Nicolao Dino de Castro e Costa Neto, que ocupa o cargo de subprocurador-geral da República.
Flávio Dino se graduou em direito em 1990 na UFMA (Universidade Federal do Maranhão). Seu projeto de conclusão de Curso teve como tema o direito de greve no Brasil e foi orientado pelo irmão, Nicolao Dino. Fez mestrado em direito na Universidade Federal de Pernambuco de 1999 a 2001.
Hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, Dino passou no concurso para juiz federal em 1º lugar e ocupou o cargo de 1994 a 2006. Também foi professor de direito na Universidade Federal do Maranhão (1994-2002) e na Universidade de Brasília (2002-2004).
Presidiu a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) de 2000 a 2002. De 2007 a 2011, foi deputado federal. Nesse período, foi vice-líder do PC do B na Câmara e integrou a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.
De 2011 a 2014 foi presidente da Embratur. Em 2014, venceu as eleições para o governo do Maranhão, cargo onde permaneceu até 2022. Foi eleito senador em 2022, mas licenciou-se no início de 2023 para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).