Metade dos convocados para delegado de polícia desistiram de tomar posse
Política
Publicado em 25/07/2023

Na convocação, feita no dia 28 de junho deste ano, 12 pessoas foram chamadas pela Secretaria de Segurança Pública mas, ao menos seis delas acabaram renunciando às vagas

 

Pelo menos metade das pessoas aprovadas no concurso para a função de delegado da Polícia Civil de Maranhão realizado em 2017 decidiram não assumir o cargo. Os aprovados foram chamados para tomar posse por meio de uma convocação no Diário Oficial. Contudo, eles desistiram e não se apresentaram.

 

Na convocação, feita no dia 28 de junho deste ano, 12 pessoas foram chamadas pela Secretaria de Segurança Pública mas, ao menos seis delas acabaram renunciando às vagas. Dentre os motivos que levaram alguns dos convocados a não assumirem, está a desvalorização da categoria em relação aos outros Estados, falta incentivo para quem é de fora, e falta de estrutura para trabalhar, especialmente no interior do Maranhão.

 

"As condições de trabalho são um ponto negativo. Como meus filhos estão no Rio, eu precisaria me deslocar com frequência para o RJ e ficar longe da capital, São Luís, dificultaria muito. Em virtude disso, o salário não compensaria para mim, levando em consideração a despesa que teria com o deslocamento. Além das condições de trabalho no interior serem muito ruins", afirmou Thiago Fontes, que é Analista no TRF 2ª Região no Rio da Janeiro e o optou por ficar.

Dos 16 convocados, pelos menos seis decidiram não assumir o cargo de delegado da Polícia Civil do Maranhão. (Foto: Reprodução / Diário Oficial)

 

Uma outra pessoa, que atualmente atua como delegado no Rio Grande do Sul, citou a demora para ser chamado, visto que a formação terminou em 2018 e só agora o governo decidiu convocar os aprovados.

 

"Praticamente cinco anos entre a academia e a nomeação. Curso de formação terminou em dezembro de 2018. Governo levou cinco anos para convocar pouco mais de 100 Delegados. Imagina o Estado gastar dinheiro com a formação de profissionais, dos quais muitos tiveram que sair de seus empregos, e somente após cinco anos fazer a nomeação. No meu caso, assumi como Delegado no Rio Grande do Sul", informou.

 

A Associação dos Delegados de Polícia Civil do Maranhão (ADEPOL/MA) também afirmou que a situação no estado é preocupante com base em um "um quadro de total e completo sucateamento da Polícia Civil".

 

"É fruto de um processo histórico de abandono, bem como o desprestígio com o cargo de delegado (....). Esclarecemos que Polícia Civil do Maranhão possui o segundo pior efetivo e o cargo de delegado ocupa a 21º posição no ranking de comparação dentre os subsídios de todas as 28 Unidades da Federação, não olvidar que, segundo dados do MJ, o Maranhão é o segundo Estado que menos investe em segurança pública dentre todas as 27 unidades federativas do Brasil", diz a associação.

 

Em nota, o governo do Maranhão informou que existe um 'Plano de Reestruturação' que está equipando e climatizando as delegacias, a exemplo da Delegacia de Amarante e outras da região Tocantina; e que também entregou novas viaturas policiais, armamento, coletes, entre outros dispositivos de segurança.

 

Além disso, o governo disse que, entre 2022 e o primeiro semestre de 2023, já foram reformadas e entregues as delegacias de Paulo Ramos, Cedral, Vitória do Mearim, Bequimão, São Mateus, Balsas, DENARC e DHPP de Caxias e a Delegacia da Mulher de Timon.

 

Já em relação à recusa de convocados para assumir os cargos de delegado, o governo disse que 'segue efetuando a nomeação dos novos servidores aprovados em concurso e recém-convocados' para as funções de delegados, escrivães e investigadores.

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