As perdas dos imortais da Academia Maranhense de Letras (AML), Waldemiro Antônio Bacelar Viana, Sálvio Dino Jesus de Castro e Costa, Mílson de Souza Coutinho e José Maria Cabral Marques abriu oportunidade para os maranhenses que querem pleitear a uma das quatro cadeiras para se tornar imortal da instituição que é uma referência para escritores e estudiosos das letras dentro e fora do Brasil há 112 anos desde a sua fundação.

O presidente da AML, o escritor e empresário, Carlos Gaspar, que vai completar em dezembro 81 anos e que tem a missão de comandar o seu mandato, que se estende até março de 2022. O imortal revelou como se dará o processo de escolha dos candidatos que vão ocupar as vagas que estão em aberto por conta do falecimento recente de quatro membros. Confira os principais tópicos desta conversa.

Perda nos imortais

“Os acontecimentos recentes que culminaram na perda dos quatro confrades foram os piores nos últimos meses. Todos eram muitos amigos e queridos pelos membros da academia. Infelizmente a vida é assim mesmo. Vamos prestar a última homenagem ao grande amigo Sálvio Dino na sessão da saudade que academia promove quando um membro falece, que vai acontecer na próxima quinta-feira, dia 3 de setembro. As outras para os demais membros já aconteceram. Não existe ausência na academia. As obras que foram deixadas estarão sempre presentes em gerações após gerações percorrendo entre elas. De modo que a imortalidade é isso”

O processo substituição

“A tradição de todas as academias de letras não só do Maranhão, mas de todo mundo é a substituição. Que deve ser paulatina, criteriosa, organizada dos que já foram e dos outros que ocuparam suas cadeiras. Para ser imortal é necessário ter certas condições que constam no regimento interno da academia. É preciso que seja uma pessoa voltada para as letras e para as artes, por meio de suas produções. Às vezes questionam a escolha dizendo: “fulano não tem um livro publicado”. Mas às vezes essa pessoa não tem um livro publicado, mas é de notável conhecimento, notável saber. Uma pessoa admirada por todas essas razões de talento com trabalhos voltados para a literatura, para a história e outras áreas do conhecimento.  É importante que seja uma pessoa de bom caráter ilibado, ser uma pessoa séria, correta. Quem não tiver o comportamento ético e adequado, não tem como fazer parte do quadro da academia”.

Conheça o que pesa para ser imortal

O processo de avaliação

“Nós te­mos uma co­mis­são que vai ana­li­sar à luz do re­gi­men­to in­ter­no de nos­so es­ta­tu­to que vai ana­li­sar o plei­to de ca­da um. Não é por­que que a pes­soa se ins­cre­ve que ela vai ser elei­ta. As ve­zes ele se ins­cre­ve so­zi­nho e não ser can­di­da­to por­que não pas­sa no cri­vo da co­mis­são que vai ana­li­sar se a pes­soa tem con­di­ção  de ser re­al­men­te um mem­bro da aca­de­mia”.

Sobre as vagas

“Pa­ra a va­ga de Ca­bral Mar­ques o pro­ces­so de ins­cri­ção es­ta­mos em en­cer­ra­men­to. A de Wal­do­mi­ro Vi­a­na e Mil­son Cou­ti­nho por va­gas as ca­dei­ras na ses­são pas­sa­da, no dia 20 de agos­to. O pro­ces­so es­tá aber­to e tem 60 di­as pa­ra quem qui­ser plei­te­ar a va­ga. A de Sál­vio Di­no ain­da va­mos ver quan­do acon­te­ce­rá o pro­ces­so”

O papel da academia

“O pa­pel da aca­de­mia é pro­du­zir li­te­ra­tu­ra, é ho­me­na­ge­ar as gran­des per­so­na­li­da­des, os gran­des in­te­lec­tu­ais do pas­sa­do. É ser a in­ter­me­diá­ria pa­ra co­nhe­ci­men­to da ju­ven­tu­de nos di­as de ho­je. Ze­lar pe­la nos­sa lín­gua por­tu­gue­sa. Ho­je a aca­de­mia es­tá mui­to vol­ta­da pa­ra a ju­ven­tu­de, com vi­si­ta­ção de co­lé­gi­os, on­de os alu­nos são con­vi­da­dos a co­nhe­ce­rem a aca­de­mia. Pu­bli­can­do li­vros pa­ra as pre­fei­tu­ras re­pas­sa­rem pa­ra seus gru­pos es­co­la­res. A aca­de­mia tem um tra­ba­lho mui­to gran­de nes­se sen­ti­do. Não é um tra­ba­lho co­mo uma re­par­ti­ção pu­bli­ca. Não te­mos pro­fis­si­o­nais. Não tem re­mu­ne­ra­ção pa­ra nin­guém. É uma po­bre­za fran­cis­ca­na. Ca­da um con­tri­bui da for­ma que po­de”

O futuro da academia

“A aca­de­mia vai sig­ni­fi­car aqui­lo que ela sig­ni­fi­ca ho­je pa­ra nós e que os nos­sos an­te­pas­sa­dos nos dei­xa­ram. Pa­ra as ge­ra­ções que vi­e­rem nas ge­ra­ções fu­tu­ras vai sig­ni­fi­car o fim dei­xa­do por nós. A cul­tu­ra vai pas­san­do. Vai se dis­se­mi­nan­do. vai se cul­ti­van­do. As pes­so­as vão pro­du­zin­do. Es­sa con­ver­gên­cia so­bre a his­tó­ria, so­bre a li­te­ra­tu­ra, so­bre a be­le­za da ter­ra es­tão reunidas no perfil de to­dos os mem­bros da aca­de­mia e que é atu­a­li­za­da pe­los que fo­ram elei­tos e subs­ti­tuí­dos”

Imortalidade

“O que o ho­mem dei­xa na área da li­te­ra­tu­ra e das ar­tes tor­ná-se imor­tal e es­tá re­gis­tra­do pa­ra a vi­da to­da há mi­lê­ni­os. Aqui no per­fil da aca­de­mia es­tá a in­for­ma­ção de to­dos os imor­tais, o Ca­bral, o de Ro­nal­do Cos­ta Fer­na­des e de to­dos os iu­tros e su­as obras. Se al­guém per­gun­tar da­qui a mil anos vai en­con­trar a in­for­ma­ção so­bre ca­da um de nós. A imor­ta­li­da­de é o que a gen­te faz e o que a gen­te pro­duz e o que a gen­te dei­xa”.

 

Entrevista a "O Imparcial"