Brasil tem recorde de contágios diários e chega ao pico
Política
Publicado em 30/04/2020

O Brasil registrou o pico de casos diários do novo coronavírus, com 6.276 confirmações nas últimas 24 horas, o que elevou o total de infecções no país a 78.162. O país contabiliza 5.466 mortes — 449 desde ontem — e se aproxima do patamar de casos fatais do Irã, que soma 5,9 mil óbitos. Ao todo, no mundo, são 226 mil mortes e 3,1 milhões de contágios confirmados.

O que foi dito: o ministro Nelson Teich (Saúde) disse não saber quando será o pico da epidemia no país. Afirmou ainda que é real o risco de uma segunda onda de contaminação: “Já existem relatos isolados de pessoas que tiveram a doença duas vezes”.

Tendência: o ritmo de contaminação no país retomou velocidade registrada no início de março, antes das medidas de distanciamento social, segundo plataforma da Fiocruz. Os dados são compilados a partir de notificações de casos e mortes por síndrome respiratória aguda grave.

Em detalhes: São Paulo tornará obrigatório o uso de máscaras no transporte público a partir de 4 de maio. O governador João Doria disse que não vai permitir flexibilização da quarentena se as taxas de isolamento social se mantiverem abaixo de 50%.

Pesquisa: o apoio popular ao isolamento caiu oito pontos percentuais, de acordo com o Datafolha, e hoje é de 52%.

Bolsonaro responsabiliza governadores por mortes, e Doria reage: ‘Saia da bolha’

Depois de minimizar a pandemia do novo coronavírus e dizer, ontem, “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?” a uma pergunta sobre as mais de 5 mil mortes no país, o presidente Jair Bolsonaro afirmou hoje que os governadores são os responsáveis pelos casos fatais ligados à Covid-19. Ele relacionou os óbitos às medidas de restrição à circulação de pessoas, que foram adotadas nos estados e são recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Reação: o governador do Rio, Wilson Witzel, disse que é “inaceitável” a forma como Bolsonaro trata a pandemia e as mortes. João Doria, de São Paulo, pediu respeito e sugeriu ao presidente que visite hospitais: “Saia da bolha, da fábula e do mundinho do ódio”.

Já o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, defendeu Bolsonaro. “Às vezes, o presidente é mal interpretado”, afirmou.

Repercussão: parentes de mortos pelo coronavírus expressaram indignação com a declaração de Bolsonaro. “Presidente, se as feridas do seu próximo não te causam dor, sua doença é mais grave que a dele”, desabafou professora que perdeu o pai.

Outro olhar: oito países têm mais de 5 mil mortes na pandemia, assim como o Brasil. Veja quais foram as reações de seus líderes quando ultrapassaram esta marca.

Contexto: em março, Bolsonaro disse que os governos estaduais poderiam estar usando dados da Covid-19 para fins políticos. A reportagem questionou a Presidência da República, por meio da Lei de Acesso à Informação. A Presidência informou não ter encontrado provas de que os estados inflaram números de casos e mortes por coronavírus.

O Globo

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