Em caso de apresentar os sintomas do novo coronavírus, como febre, tosse ou falta de ar, a primeira orientação é que o paciente fique em casa, mantenha o isolamento social por até 14 dias e procure os órgãos de saúde por telefone, aplicativo para celular ou internet.
Tanto o Ministério da Saúde quanto as redes de saúde pública do estados oferecem formas de atendimento remoto para uma triagem dos pacientes que realmente podem estar contaminados com a Covid-19. Algumas plataformas, como a do governo federal opera com o auxílio da inteligência artificial.
Na plataforma do governo federal, por meio de uma janela de atendimento automática, o usuário relata os sintomas apresentados e o próprio sistema, seguindo critérios pré-definidos, faz a seleção dos casos que requerem maior atenção.
Em seguida, o paciente é direcionado para o atendimento por telefone. Numa terceira etapa, o usuário recebe uma consulta por telemedicina (atendimento por vídeo) com um especialista que irá avaliar os sintomas para, somente então, encaminhar o paciente para atendimento em uma unidade de saúde física mais próxima da sua residência.
Segundo dados do Ministério da Saúde, até o dia 14 de abril, 5,7 milhões de pessoas já buscaram os serviços do TeleSUS pelo telefone 136. Deste total, 2,4 milhões de usuários foram avaliados sobre os sintomas do coronavírus sem precisar sair de casa, sendo que 92,5% foram considerados saudáveis, 4,1% de baixo risco, 1% de risco moderado e 2,4% de risco alto.
Nos estados
Um exemplo do trabalho feito pelos estados é o Paraná em que, após um cadastro no site – www.coronavirus.pr.gov.br – ou no aplicativo Telemedicina Paraná, o usuário é direcionado para o preenchimento de uma ficha na qual irá relatar suas condições de saúde. Em seguida ocorre uma triagem. Se não houver suspeita de coronavírus, são passadas orientações sobre prevenção.
Se forem identificados sintomas que podem corresponder à Covid-19, é iniciado um atendimento via WhatsApp com posterior direcionamento para atendimento médico por vídeo e finalmente o encaminhamento para uma unidade de saúde mais próxima. Por meio da ferramenta o médico também poderá prescrever medicamentos e emitir atestado.
Em Curitiba, o atendimento inicial acontece pelo telefone (41) 3350-9000. Por este canal, o paciente descreve os sintomas e recebe as primeiras orientações. Caso sejam constatadas reações características da Covid-19, o usuário passa então por um atendimento de teleconsulta com um médico para posteriormente ser encaminhado a uma unidade de saúde, caso seja necessário.
Em casos de sintomas que sejam mais graves, como febre ou falta de ar, aí sim, a pessoa deve procurar imediatamente uma unidade de saúde pública ou particular. “É importante que todos sigam esses fluxos propostos, pois assim diminuem as chances de exposição desnecessária ao novo coronavírus, ao mesmo tempo em que se torna mais ágil e eficiente o sistema de saúde, tanto público, como particular, para atender pacientes mais graves, no momento correto”, declarou a superintendente de Gestão da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, Flávia Quadros.
Na capital paranaense, amostras respiratórias para exame do novo coronavírus também poderão ser coletadas em pessoas com quadro gripal que fazem parte do grupo de risco para complicações como bebês menores de 1 ano de idade e idosos acima de 70 anos; pessoas com doenças graves ou crônicas (cardiopatia, doença renal, pulmonar, etc) descompensadas; imunodeprimidos; gestantes; e outras situações especiais.
Como não existe remédio específico para a infecção pelo novo coronavírus, a médica infectologista da Secretaria Municipal da Saúde, Marion Burger, ressalta que o exame não altera a conduta clínica. “Todas as ações de isolamento, tratamento dos sintomas, repouso, hidratação e alimentação saudável não dependem do exame e devem ser adotadas para qualquer caso suspeito”, diz Marion.
Onde são analisadas
A análise é realizada nos 27 laboratórios centrais do Brasil, com o apoio de laboratórios particulares e universidades estaduais. No Paraná, o Lacen-PR é o responsável por exames que integram a rotina para a vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental no estado.
Desde o início do período da epidemia, o laboratório está atuando de maneira intensiva. Os colaboradores, entre bioquímicos, assistentes e estagiários, trabalham em escala para cobrir o expediente ampliado, entre 8 e 23 horas.
Diariamente, o laboratório recebe amostras de exames para identificação de vírus variados, dentre eles o coronavírus. A partir da entrada o resultado referente à Covid-19 sai em até 72 horas. São realizados cerca de 600 exames por dia. Aproximadamente 7,5 mil testes já foram realizados até o dia 13 de abril.
O trabalho de validação das amostras conta com o apoio de oito laboratórios, sendo sete privados: Hermes Pardini (MG), Fleury (SP), Rede D’Or (RJ), Genoprimer e Unimed, em Curitiba; Sabin, em Brasília; Dasa, em São Paulo e o laboratório do Hospital das Clínicas do Paraná, que é público.
Os laboratórios das universidades estaduais também vão ajudar o Paraná nesse processo. Juntas, as universidades estaduais de Londrina (UEL), Maringá (UEM), Ponta Grossa (UEPG), do Centro-Oeste (Unicentro) e do Oeste do Paraná (Unioeste) terão capacidade para avaliar até 700 amostras por dia.
Testagem em massa
Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) orientou que a testagem seja ampliada, pois muitos dos infectados são assintomáticos e não irão apresentar sintomas, correndo assim o risco de contaminar outros grupos. Com o teste em massa é mais fácil aplicar o isolamento dos contaminados para impedir a propagação do vírus. Entretanto, a falta de insumos e a grande procura de testes por países do mundo todo têm dificultado a aplicação deste protocolo não só no Brasil, como em outros lugares.
Nesse sentido, a Coreia do Sul é apontada com um exemplo. O país asiático ficou mundialmente conhecido por aplicar os testes contra a Covid-19 usando estruturas parecidas com drive thru, onde os motoristas eram examinados sem precisar sair do veículo, mesmo que não apresentassem nenhum tipo de sintoma.
Em seguida, os resultados eram enviados por mensagens de texto com instruções de como se comportar. Graças a ações como essa, o país conseguiu desacelerar as transmissões apenas dois meses depois do registro do primeiro caso.
O Ministério da Saúde tem buscado seguir as recomendações da OMS e ampliar os testes para outros grupos, que não apenas os prioritários e graves, mas encontra alguns entraves. Em boletim epidemiológico divulgado no dia 9 de abril, o órgão diz prever a aquisição de 22,9 milhões de testes moleculares e sorológicos, tendo recebido a programação de entrega referente aos contratos realizados com a instituição produtora de insumos de 9.183.072 unidades até julho de 2020. Deste montante, foram efetivamente entregues apenas 904.872 testes, equivalente a 9,9% do total. No mesmo documento, o Ministério da Saúde faz o alerta de que as restrições logísticas vêm se agravando significativamente, podendo impactar na entrega dos kits.
Em entrevista coletiva realizada no último sábado (11), o Ministério da Saúde deu indícios de que está se preparando para realizar a testagem em massa da população. A conferência foi comandada pelo até então secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira. Segundo ele, o Brasil poderá realizar em breve entre 30 mil e 50 mil testes por dia para diagnosticar a Covid-19. Atualmente são realizados cerca de 4 mil. Ele afirmou na ocasião que não será possível fazer o teste em todas as pessoas, mas será feito em quantidade suficiente para analisar a propagação da doença.
Testes rápidos
Oliveira afirmou ainda que serão criados centros de coleta, onde as pessoas com sintomas leves farão os testes e receberão o resultado pelo celular em até 36 horas. “Ainda não implementamos porque estamos esperando as máquinas serem instaladas no parceiro privado que ganhar a concorrência. Estamos trabalhando para que isso ocorra o mais brevemente possível. Devemos iniciar o piloto em Curitiba e no Rio de Janeiro, com as máquinas da Fundação Oswaldo Cruz. Estamos em parceria com o Instituto Butantan para o estado de São Paulo.”
O então secretário garantiu também que até o final deste mês o Brasil terá muitos testes para realizar. De acordo com ele, o país irá iniciar em breve uma estratégia para testagem de casos leves e que isso vai ocorrer de forma gradual. Primeiramente será necessário garantir que os casos mais graves sejam identificados corretamente para um manejo cuidadoso dentro dos hospitais.
Outro problema apontado é o gargalo encontrado em razão da incapacidade dos laboratórios executarem as análises dessas amostras. Atualmente existem mais de 150 mil exames em investigação. “Eu acredito que nenhum país fará tantos testes quanto o Brasil está se organizando para fazer”, concluiu.