A "Guerra na selva" e a falta de consonância entre as forças de segurança
22/09/2019 08:46 em Política

 

O inimigo, porém, não se intimida e passa a alvejá-lo com tiros de fuzil de precisão. O brutal tiroteio é, então, interrompido pelo som de uma explosão mais forte - o helicóptero, atingido em um ponto sensível, cai e explode.

Uma coluna de veículos blindados é enviada ao local. Inferiorizado, o inimigo bate em retirada. No caminho leva prisioneiros - que executa logo em seguida a uma bárbara sessão de tortura. Segue-se uma cruel caça à unidade responsável pela execução, apenas encerrada após todos os seus integrantes terem sido mortos em violenta troca de tiros ou executados sumariamente.

O inimigo respondeu atacando um quartel com granadas de mão e metralhadoras. Acuados, somente restou aos soldados a fuga desordenada. Misturaram-se aos silvícolas da região em desabalada carreira - pelo caminho, largaram até o pavilhão nacional.

A reação, porém, não tardou. Apoiados por um grupamento blindado os soldados retornaram em maior número. Após dois dias de combate feroz, eliminaram o inimigo. Comemoraram o feito disparando tiros para o ar e gritando palavras de ordem, sob o olhar apavorado dos silvícolas que por lá ainda estavam. Ali ao lado, porém, a guerra continuava - superada fora apenas uma batalha, afinal.

Cada um de nós já soube de cenas assim, tendo como palco as maiores cidades deste país - a cada mais transformado em selva. Algumas delas aconteceram a poucos metros de nossas mais sagradas instituições. Ou de nossas casas.

 

Convidado a dar sua opinião sobre a realidade do Brasil, o Chefe de Polícia de Nova York, William Bratton, assim falou: “O Judiciário não funciona. Os policiais não trabalham em harmonia com os promotores, que não atuam em conjunto com os juízes. A Polícia Militar não trabalha em consonância com a Civil”.

Talvez, em um momento no qual tanto se fala em complexas reformas, devêssemos prestar mais atenção a estas palavras tão simples e lógicas! Suspeito que esteja aí, no final das contas, o mais preciso diagnóstico de um problema que nos envergonha perante o mundo.

 

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