“Ficaria incomodado se o presidente me achasse bom. Estaria fazendo errado”, diz Flávio Dino
Política
Publicado em 03/08/2019

Para o gestor do Maranhão “quem governa deve unir, não dividir” e críticas e oposição são importantes, mas o respeito é necessário; por m ele arma que os governadores da Amazônia Legal deve compatibilizar o progresso com a proteção ambiental.

 

O governador do Maranhão Flávio Dino (PC do B), que participou do 18º Fórum da Amazônia Legal, esteve na sede do Grupo Jaime Câmara (GJC) em Palmas nesta sexta feira, 02, onde abordou com o Jornal do Tocantins, CBN Tocantins e a TV Anhanguera temas importantes, entre eles a preservação e desenvolvimento da região amazônica.

As equipes de reportagem também questionaram o gestor do Maranhão sobre o cenário político e as recentes polêmicas envolvendo o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e algumas perspectivas para os próximos anos em sua carreira política de País. Confira os tópicos abaixo:

Fórum da Amazônia Legal

Para Dino, o 18° Fórum é o momento que os nove gestores da Amazônia Legal buscam o ponto de equilíbrio entre o desenvolvimento, o progresso, a qualidade de vida, a preservação e a sustentabilidade. “Ao mesmo tempo em que devemos cuidar da compatibilidade entre o progresso e devemos pautar a proteção ambiental. É isso que estamos discutindo”, disse o gestor do Maranhão. “Devemos continuar na defesa pelos públicos e privados na região visando o desenvolvimento de emprego, mas não podemos concordar com visões que devastam a Amazônia, que mais tarde essa conta chega e atrapalha o crescimento da economia”.

Reformas e Congresso

O gestor estadual também chegou a ser questionado sobre as polêmicas envolvendo os municípios, estados e união em relação às reformas do sistema tributárias e previdenciárias. “As críticas sobre a política brasileira são legítimas. A sociedade se expressa das diferentes formas”. Dino acrescenta que mesmo com todas as problemáticas do Congresso Nacional, sua atuação sempre trouxe bons resultados para o País. “O sistema político brasileiro já conseguiu dar leis adequadas e contribuir para povo. Como um exemplo pode citar o Código de Defesa do Consumidor. Recentemente, na Reforma da Previdência, mesmo eu particularmente mantenho a discordância incisiva em relação a alguns pontos da Reforma, os nossos parlamentares aprovaram um texto que conseguiu evitar muitos retrocessos com relação ao texto original enviado pela presidência da república”.

Já com relação à questão tributária, o gestor disse que espera proteção aos mais pobres. “Realizar a readequação das grandes rendas do País, a atualização entre cargos e receitas. Buscarmos termos de um pacto federativo atualizado com uma simplicação do sistema tributário atualizado, que não haja uma carga adicional à população”. Ele ainda observa que, ao longo dos anos, as atribuições e responsabilidades foram repassadas aos Estados e Municípios sem a atualizações necessárias.

Polêmica com Bolsonaro

Com relação à recente polêmica envolvendo uma fala do presidente Jair Bolsonaro, Flávio Dino disse que é preciso considerar três aspectos em seu posicionamento. “O primeiro é que a crítica pessoal do presidente da república não me incomoda e não tira meu sono. Ele tem direito de pensar o que ele pensa. Até porque ficaria incomodado se o presidente me achasse bom. Eu estaria fazendo alguma coisa errada, porque não concordo com suas visões políticas e como cria confusão e conflito contra tudo e todos”, contou.

No segundo aspecto, ele aponta que Bolsonaro tem o direito de se expressar, porém, não pode discriminar uma região. “Devido o peso da sua palavra e de seu cargo, ele não pode difundir preconceitos de nenhum tipo contra mulher, negros índios, nordestinos, ou seja, lá quem for, porque isso estimula que outros façam. Discriminação é crime no Brasil”, disse, ao declarar que nesse ponto os procedimentos serão tomados nas instâncias competentes.

Por outro lado, Flávio Dino acredita que mesmo com divergências políticas, um presidente da República não pode retaliar um estado inteiro. Em sua visão, Bolsonaro não estaria prejudicando uma pessoa apenas, mas uma população inteira. “Existir oposição é bom, pluralismo político é direito. Faço propostas e diálogo com o governo federal. Respeito seu cargo porque a relação política é diferente, mesmo não concordando com o presidente. A meu ver, quem governa tem de procurar unir, não dividir. Tem que pacificar e não criar conflitos. Tenho críticas com relação a sua forma de governar, mas encontrando com ele vou manter a mesma educação que aprendi em casa, porque ele foi eleito pelo povo brasileiro”, contou.

Futuro

Quanto a uma possível candidatura para Presidência da República em 2022, o governador do Maranhão diz que no atual momento não há uma reflexão denitiva sobre essa possibilidade, que ele julga muito cedo para levantar hipóteses. “Na verdade o que nós temos é uma sensação de desgoverno no Brasil. Quando essa pergunta é feita é porque é um reconhecimento de uma insuficiência, omissões do atual Governo Federal, de uma inaptidão para governar o País. É como se fosse uma espécie de envelhecimento precoce. E isso faz com que, em razão desse vazio, dessas confusões, se coloque tão cedo um debate que está ao mesmo tempo tão longe”.

Ele destacou que tem procurado, de um lado, cumprir sua principal missão, que é de governar o Maranhão, e de outro, mostrar os “desacertos, os erros, para defender o Brasil, para que de fato nosso País não se perca em meio a um método errado de governar”, completou. O gestor ainda afirmou que neste momento seus esforços são com a gestão do Maranhão.

Esquerda e Direita

Para Dino, independente de posição política, os gestores precisam saber unir a nação. “Governo e oposição devem conviver democraticamente, com relações institucionais saudáveis”, contou e finalizou que, a esquerda brasileira precisa continuar seu trabalho. “Do campo de vista nacional popular fazer a atuação de resistência que temos feito. Atuar com novas ideias e plataformas e programas que garantam que nas próximas eleições municipais e nacionais possamos colher uma vitória importante para que o Brasil não se perca. Infelizmente, em larga medida, o País está tomando caminhos errados, e logo, a politica vai ter uma virada e o campo nacional popular vai ser vitorioso”.

Sérgio Moro

Questionado sobre sua opinião a respeito da conduta do ministro da Justiça, Sérgio Moro diante da Operação Lava Janto que investiga crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, quando estava na condição de juiz, o governador do Maranhão afirmou ao Jornal do Tocantins, que o Brasil tem um Código de Processo Penal que definem como um juiz deve atuar. “Uma das normas diz que um juiz jamais pode se vincular a uma das partes e aconselhar uma das partes. É uma causa de suspeição. E o mesmo código diz que uma sentença proferida por um juiz suspeito é uma sentença nula”.

O gestor ainda acredita que o ex-presidente Lula tem direito a ser julgado de verdade. “Não sei se ele será condenado ou absolvido, mas a questão é que até o presente momento ele não teve um julgamento justo. Por isso, se impõe legalmente que os tribunais anulem o que foi feito e recomece o processo, dessa vez com um juiz imparcial e isento. Porque lamentavelmente, o então juiz Sérgio Moro atuava junto com o Ministério Público e desprezava e atacava a defesa”. Para Flávio Dino, ele não tinha aptidão, capacidade e postura para ouvir ambas as partes. “Isso vicia esse processo, eventualmente outros processos. Acho que o Supremo, com as decisões tomadas nesta semana, sinaliza nessa direção, de validação das provas que foram reveladas por jornalistas, notadamente, o site The Intercept, mas não só, a Folha, Band, Veja e outros veículos e, com isso, com o reconhecimento do conteúdo desses diálogos, vão ser emanadas desse reconhecimento”.

Convite

Recentemente o ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PSB) convidou Flávio Dino para integrar sua legenda. A respeito do assunto, o governador do Maranhão disse que se sentia honrado pelo convite, porque, em sua visão, o PSB é um partido importante e histórico para o Brasil, assim como o seu partido, o PC do B. “São partidos que têm uma longa vida em comum, durante décadas. Mas no momento estou muito bem, muito confortável no meu partido, o PC do B, pelo qual fui eleito duas vezes governador do meu estado. Então não há nesse momento debate de mudança de partido, porque há tempo para discutir as alianças, para que tenhamos uma união em 2022”, disse.

Entrevista na "Jaime Câmara" em Palmas

 

Fonte: Jornal do Tocantins 

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