O Ministério da Cultura publicou uma nota de repúdio nesta terça-feira (4) sobre o tratamento dado ao cantor Milton Nascimento, 82, que teve uma cadeira negada na fila A do Grammy Awards
Por Felipe Carvalho (CNN-Brasil)
Ele concorria na categoria Melhor Álbum Vocal de Jazz com Esperanza Spalding e preferiu ir embora da premiação
"O Ministério da Cultura (MinC) manifesta repúdio ao tratamento dispensado ao cantor, compositor e multi-instrumentista brasileiro, Milton Nascimento, na cerimônia do Grammy 2025. A decisão da Academia de posicioná-lo em um local incompatível com sua trajetória, prestígio internacional e necessidades físicas demonstra falta de sensibilidade e respeito a um dos maiores nomes da música brasileira", dizia parte do texto.
A nota oficial do governo ainda ressaltou os feitos de Milton -- que já foi indicado cinco vezes ao Grammy e ganhou um gramofone, em 1998 --, além de enaltecer outros prêmios que ele já ganhou em sua extensa carreira.
"Milton Nascimento, ícone da cultura nacional, coleciona prêmios e reconhecimentos que atravessam gerações e fronteiras. Sua obra influenciou artistas em todo o mundo, elevando a música brasileira a patamares de excelência. Com sua voz única e composições memoráveis, Milton seguirá sendo celebrado por aqueles que compreendem e respeitam sua imensa contribuição à música."
A ministra da cultura, Margareth Menezes, também se pronunciou a respeito do tratamento dado a Milton e publicou um texto de repúdio em sua conta oficial do X (antigo Twitter) sobre postura da Academia da Gravação de “inaceitável” e “grosseira”, e lembrou que o mineiro é reconhecido no mundo inteiro, inclusive nos Estados Unidos.
“Nosso amado Milton Nascimento é reconhecido no mundo todo e tem diversos títulos importantes, inclusive nos EUA. Foi muito grave o tratamento dado a ele no Grammy. Não ter um assento na cerimônia é inaceitável e grosseiro. Milton merece todas as honras do setor artístico”, escreveu Margareth.
Entenda a polêmica
Milton Nascimento foi a Los Angeles, nos Estados Unidos, para disputar um Grammy com a cantora norte-americana Esperanza Spalding, mas ela revelou em um post no Instagram que a produção recusou dar uma cadeira ao brasileiro na área VIP. A denúncia foi feita pela própria colega, com quem gravou o álbum "Milton + Esperanza", em uma rede social e ela compartilhou uma foto de um cartaz que segurou durante todo o evento.
"Então, foi recusado a Milton um lugar nas mesas para a cerimônia deste ano. Isso não me agradou. Não estou falando de uma vitória no Grammy… estamos comemorando a gloriosa vitória de Samara Joy, estou falando de uma cadeira física, aqui nesta mesa em que estou sentada. Estou brava por essa lenda viva não ter sido considerada importante o suficiente para sentar entre as pessoas da lista A”, disse.
No dia seguinte, a equipe do brasileiro emitiu uma nota oficial sobre o ocorrido em que explicava o que aconteceu de fato e revelou que ele foi embora da premiação logo em seguida. “Quando questionados pela equipe de Esperanza, alegaram que ficariam nas mesas apenas os artistas que eles queriam no vídeo. Tendo em vista a carreira vitoriosa, o reconhecimento e o respeito conquistado pelo genial artista brasileiro, optamos pela ausência dele na cerimônia principal“, diz a nota.
*Com informações de Flavio Ismerin, da CNN Brasil
