Paulo Henrique Gomes ganhou liberdade provisória, mas está proibido de ir a bares e de sair de casa à noite e em dias de folga
Do 'Jornal do Tocantins'
O secretário de administração da cidade de Axixá, Paulo Henrique Ferreira Gomes, de 37 anos, acabou preso na terça-feira, 26, e solto nesta quarta-feira, 27, sob suspeita de injúria, dano, ameaça e desacato. A defesa do secretário confirma o episódio e destaca que o gestor teve a soltura decretada para responder ao processo em liberdade. O prefeito criticou o comportamento.
Sem identificar o secretário, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou em nota que um suspeito foi apresentado à 3ª Central de Atendimento da Polícia Civil em Araguatins, após ter sido preso em flagrante pela Polícia Militar. O homem é suspeito dos crimes de embriaguez ao volante, injúria, dano, ameaça e desacato.
Segundo a secretaria, o homem estava ingerindo bebida alcoólica em um bar localizado no centro da cidade, ficou embriagado e ameaçou outro rapaz. “Em determinado momento, os dois acabaram entrando em luta corporal e, em seguida, o autor entrou em seu veículo e jogou o carro contra o desafeto”.
A secretaria também informou que ele desacatou os militares ao ser abordado, acabou preso e levado para a delegacia em Araguatins, onde recebeu autuação em flagrante.
A juíza Nely Alves da Cruz concedeu liberdade provisória ao secretário, sem fiança, e aplicou medidas cautelares. A decisão é desta quarta-feira, 27, às 14h2.
As medidas são manter o endereço atualizado no processo e comparecer no fórum todo mês, até o dia 10, para informar atividades, a partir de janeiro de 2024.
Ele também está proibido de ausentar-se da Comarca por mais de 8 dias sem autorização judicial e de frequentar bares, boates e congêneres. Também deve ficar recolhido em casa no período noturno e nos dias de folga.
Segundo a decisão, caso o secretário descumpra as medidas impostas à liberdade provisória poderá ser revogada.
A defesa de Paulo Henrique Ferreira Gomes, realizada pelo advogado Ademar de Sousa Parente, entende que houve um desentendimento mútuo e destaca a soltura do cliente.
“Houve agressão de ambas as partes e, infelizmente, o secretário foi autuado em flagrante delito pela acusação de crime de dano e desacato à autoridade, mas a juíza de plantão, doutora Nely, lhe concedeu liberdade provisória, para que responda às acusações em liberdade”, afirma ao JTo.
Por telefone, o prefeito Auri Wulange Ribeiro Jorge (UB) critica o comportamento. “Infelizmente aconteceu, não concordamos com qualquer tipo de violência. Axixá é uma cidade pacata e de pessoas pacíficas, ordeiras. Esse foi um fato atípico, envolvendo duas pessoas de bem e que um é secretário de minha administração”. O prefeito mantém o secretário no cargo.
O que diz o boletim de ocorrência
Conforme o Boletim de Ocorrência consultado pelo JTO, o jovem envolvido na confusão tem 23 anos. O outro envolvido é um senhor a quem o secretário disse que “não prestava” igual ao jovem.
Os dois policiais militares que registraram a ocorrência na delegacia imputam ao secretário o crime de desacato no momento da abordagem dele, já em sua residência.
Segundo um dos policiais, de 35 anos, o secretário disse que não seria preso. "Vocês da PM de Axixá são um bando de covardes". Ao se dirigir ao policial identificado pelo sobrenome “Nascimento”, afirmou. "Tu é o mais covarde de todos", relata o policial.
Sobre a briga, os dois policiais relatam que durante a briga, o secretário disse à primeira vítima, João Pedro Castro Rodrigues "não vale nada" e "não presta". O secretário também apanhou o carro e danificou o carro do jovem por diversas batidas e ainda o ameaçou de que o rapaz não "moraria mais em Axixá" e o perseguiu com uma garrafa de bebida quebrada, com a qual tentou golpeá-lo.
Em nota assinada por três advogados, o secretário afirma ter sido "lamentavelmente, vítima de injusta agressão física durante uma confraternização de final de ano". O texto faz elogio aos policiais.
"Reconhecemos a importância do trabalho policial para garantir a ordem pública e, confiamos na imparcialidade da justiça para assegurar os direitos dos cidadãos, sobretudo da integridade física. Estamos à disposição para fornecer informações adicionais e colaborar com as autoridades no esclarecimento completo desse lamentável episódio".