O cadáver de Joan foi localizado cinco dias após o desaparecimento (Foto: Arquivo pessoal)
Ministério Público diz que o trio entregou armas e está afastado das funções. Saiba quem são os militares suspeitos de matar e ocultar o corpo do músico Joan Reis, em abril
Por 'Jornal do Tocantins'
Os três policiais militares presos e indiciados pela Polícia Civil nesta sexta-feira, 1° de novembro, suspeitos de matar e ocultar o corpo do músico Joan Braga dos Reis, 33 anos, são dois soldados que ingressaram na carreira no último concurso da corporação, em 2022, e um 2°sargento que pertence à Polícia Militar do Tocantins desde 2007.
Os dados de ingresso constam no portal da transparência do governo estadual.
Os soldados são José Marcos Almeida da Silva e Maycon Douglas Monteiro. Os dois constam como data do início do exercício em 21 de março de 2022, lotados no 7° Batalhão da Polícia Militar, em Guaraí.
O terceiro suspeito é o 2°sargento Leonardo Lemos Macedo, com data de início do exercício em 2 de abril de 2007.
A defesa, feita pelo advogado Paulo Roberto da Silva, diz não haver provas contra os militares e que ao final do processo irá provar a inocência dos três (veja a íntegra abaixo).
O Ministério Público divulgou que obteve na Justiça o afastamento dos três de suas funções e a entrega da arma da corporação. Conforme o órgão, o sistema de monitoramento da viatura policial e câmeras de segurança do sistema público da cidade mostra o carro usado pelos policiais em percurso “exato até o local onde o corpo de Joan foi achado”.
De acordo com o Ministério Público, os suspeitos disseram ter deixado Joan em um bairro da cidade, entretanto, investigação não comprovou esta informação. O órgão também afirma, com base na investigação policial, que o músico foi “entregue”, algemado, por um policial militar aposentado aos três suspeitos e que testemunhas “confirmaram à polícia que Joan entrou na viatura”.
Entenda
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, Joan Reis, 33 anos, desapareceu em abril deste ano após ser abordado pelos militares em um suposto surto psicótico. Os policiais também são suspeitos por fraude processual.
Conforme o órgão, o músico tinha sequelas de um acidente automobilístico anterior e teve um surto psicológico enquanto esperava pelo transporte em Guaraí durante a viagem.
A pasta informou que Joan Reis foi visto vagando pela cidade sem noção de seus atos e entrava em carros estacionados no local que estavam abertos.
Em frente a um lava jato da cidade, Joan teria entrado novamente em outro veículo e causado pequenos danos ao tentar ligá-lo, pois não tinha habilitação.
No local, Joan foi supostamente abordado por um policial militar aposentado, que acionou uma guarnição militar com os três policiais suspeitos.
Após o episódio, o músico desapareceu e passou a ser procurado pela família, amigos e pela 5ª Divisão Especializada de Repressão ao Crime Organizado (DEIC) de Guaraí.
O cadáver de Joan foi localizado cinco dias após o desaparecimento, por servidores da Agência Tocantinense de Transportes e Obras (Ageto) que trabalhavam às margens da rodovia BR-235, na divisa entre Guaraí e Tabocão, em estado avançado de decomposição.
Conforme divulgado, a Polícia Civil indiciou os três militares pelos crimes de homicídio doloso qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual e decretou a prisão que foi cumprida na manhã desta sexta-feira, 1º, após os suspeitos se apresentarem no Comando da Polícia Militar de Guaraí.
Em nota, a Polícia Militar disse que apura a conduta dos três policiais suspeitos. Segundo a corporação, o trio tomou conhecimento do mandado de prisão por meio dos advogados e se apresentou na unidade em que estão lotados.
A Polícia Militar também disse que acompanhou e prestou apoio às investigações e “reafirma à sociedade seu compromisso com a legalidade e imparcialidade no exercício de sua nobre função pública”, finaliza.
Nota da defesa
"A participação desses acusados eu tenho certeza que será demonstrada de forma cabal que ela inexiste. Então, estou tranquilo, os réus tranquilos. Eles se apresentaram hoje no quartel antes do cumprimento do mandado de prisão. Vamos tocar a defesa de forma clara e objetiva, porque o nosso interesse é social tanto do Ministério Público quanto das autoridades. A PM não tem bandidos no seu meio", disse o advogado