CPI da Covid ouve empresário bolsonarista Luciano Hang mirando cloroquina e fake news
29/09/2021 08:27 em Política

O empresário Luciano Hang, dono da Havan, será ouvido pela CPI da Covid hoje, em meio aos avanços da investigação sobre a Prevent Senior. Em seu depoimento, será inquirido sobre o incentivo ao tratamento precoce contra a Covid-19 — tema que voltou aos holofotes com as denúncias contra a operadora de saúde — e a omissão da doença como causa da morte no atestado de óbito de sua mãe, tratada pela Prevent.

Luciano Hang, porém, é alvo de diferentes linhas de investigação, e os senadores querem focar também em sua suposta participação no financiamento de blogueiros bolsonaristas propagadores de fake news. Hang é um dos mais ativos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

O empresário deve usar sua passagem pela CPI para antagonizar com o relator, Renan Calheiros (MDB-AL). A interlocutores, o empresário disse que vai depor “de peito aberto” — e considera a possibilidade de ser preso, informa o colunista Lauro Jardim. Nos últimos dias, ele divulgou vídeo com provocações à comissão. Incentivado por Bolsonaro, Hang estuda concorrer a uma vaga ao Senado no ano que vem.

O que está acontecendo: a CPI ouviu da advogada Bruna Morato a denúncia de que a Prevent Senior tinha um “pacto” com médicos do “gabinete paralelo” de aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro para validar o uso da cloroquina e outros medicamentos como tratamento precoce contra a Covid. O objetivo era evitar o avanço de medidas de isolamento social e o lockdown.

Bruna Morato representa um grupo de 12 médicos que elaborou dossiê contra a Prevent Senior. Ontem, ela relatou pressão sobre os médicos, alteração de códigos de doenças e outras práticas nos hospitais da empresa. Afirmou também que a operadora de saúde orientava a redução do nível de oxigenação dos pacientes internados há muitos dias: “A expressão que eu ouvi ser muitas vezes utilizada é: óbito também é alta” . A Prevent nega as acusações.

Efeitos colaterais: CPI avalia se vai convocar o ministro da Economia, Paulo Guedes, ou o secretário de Política Econômica da pasta, Adolfo Sachsida, para prestar depoimento. Bruna Morato disse que o “pacto” em torno do tratamento precoce tinha o envolvimento do Ministério da Economia.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) informou ter autuado a Prevent Senior após constatar “indícios de infração” por “deixar de comunicar aos beneficiários as informações estabelecidas em lei”.

 

O Globo

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