Concessionária pediu autorização ao Ibama para transformar em cinzas 3,5 mil metros cúbicos de madeira que foram extraídos da região, na fase de construção da usina em Vitória do Xingu, no Pará.
A reportagem é de André Borges, publicada por O Estado de S. Paulo
O destino de milhares de árvores nobres, incluindo espécies em extinção e protegidas por lei federal, deverá ser os fornos de uma siderúrgica sócia da Norte Energia, a dona da hidrelétrica de Belo Monte, na região amazônica.
A concessionária pediu autorização ao Ibama para transformar em cinzas 3,5 mil metros cúbicos de madeira que foram extraídos da região, na fase de construção da usina em Vitória do Xingu, no Pará. Trata-se de aproximadamente 120 caminhões abarrotados de toras da Amazônia que poderão virar carvão.
O Estadão teve acesso a um documento que a dona da maior hidrelétrica do Brasil enviou ao Ibama no dia 1 de setembro, para solicitar o “uso de madeira para fins energéticos”. Em seu pedido, a Norte Energia diz que fez um levantamento sobre as “condições físicas dos estoques de toras nos pátios de madeira” da usina, entre dezembro de 2020 e abril deste ano, e que chegou à conclusão de que possui “3.502,40 m³ de toras de madeira, estocadas em pátio, que ainda apresentam condições de utilização”.
A utilização solicitada não é a construção de móveis, casas, artesanato ou qualquer outra estrutura que demande madeira - o que são finalidades comuns para árvores nobres desse tipo -, mas o uso como combustível para alimentar os fornos da siderúrgica Sinobras, que é uma das sócias da Norte Energia.
“A empresa Sinobras - Siderúrgica Norte Brasil S.A. contatou a Norte Energia demonstrando interesse no aproveitamento de toda a madeira situada nos pátios da UHE (usina hidrelétrica) Belo Monte para a produção de bioredutor energético, destinado ao processo fabril de siderurgia da empresa”, informa a concessionária, no documento.
A íntegra da reportagem pode ser lida aqui.