Equipe da Funai acompanhou criança até aldeia em Lagoa da Confusão — Foto: Luan Kawinah Karajá/Divulgação
Por Patricia Lauris, g1 Tocantins
Após receber cuidados médicos, criança voltou para aldeia em Lagoa da Confusão. Funai fez pedido para família ficar com a criança
Após ser abandonada pela própria mãe assim que veio ao mundo, uma bebê com menos de dois meses vai poder viver com os avós, que conseguiram na Justiça a guarda provisória da criança. A decisão é da 1ª Vara da Comarca de Cristalândia.
O caso aconteceu na aldeia Santa Isabel do Morro, em Lagoa da Confusão, e a bebê ainda estava com o cordão umbilical quando foi abandonada em junho deste ano. O retorno à família após decisão judicial foi divulgado pelo Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO) nesta terça-feira (30).
Mesmo com um início de vida conturbado, criança foi encontrada por uma agente de saúde indígena em uma matagal da região. A profissional cuidou da menina e a situação foi levada à Fundação Nacional do Índio (Funai) e autoridades.
De acordo com o TJTO, a princípio, a mãe havia fugido e parentes não foram encontrados. Por isso, a menina foi levada para um hospital de São Félix do Araguaia, no estado do Mato Grosso (MT).
Na unidade, a chefe da coordenação técnica local Funai Rafaella Coxini Karajá foi informada da situação da criança. Segundo ela, pessoas não indígenas queriam levar a criança embora, por isso a Polícia Militar e Conselho Tutelar precisaram ser chamados.
"A criança ficou internada para passar por exames para ver a condição dela e, logo em seguida, eles conseguiram localizar a mãe e levaram ela também para o hospital, e as duas ficaram internadas”, disse Rafaella.
A mãe não queria contato com a criança e depois de receber alta médica, a menina foi para um abrigo onde permaneceu por 37 dias, informou o TJTO.
Os avós maternos foram encontrados e manifestaram interesse em cuidar da menina. Eles relataram às equipes da Funai, conforme o processo, que não sabiam da gravidez da filha e que já cuidam de outros filhos dela.
Bebê recebeu cuidados antes de voltar para aldeia — Foto: Divulgação/TJTO
Representando os avós, a Funai entrou com um pedido na Justiça de guarda provisória da bebê. Isso porque, segundo a servidora, pela situação de vulnerabilidade, há a possibilidade de a mãe ter desenvolvido depressão pós-parto e voltar a ter interesse em cuidar da criança posteriormente.
O juiz Wellington Magalhães, da 1ª Vara da Comarca de Cristalândia, concedeu a guarda provisória aos avós e no dia 22 de julho equipes da Funai acompanharam a bebê até a aldeia Santa Isabel do Morro. Toda a comunidade se reuniu para receber a criança.