“Sobrou” dinheiro da educação. E o que os políticos fizeram?
14/01/2022 13:13 em Política

Governador do Amazonas, Wilson Lima, anunciou abonos de R$ 37,8 mil a servidores com recursos do novo Fundeb| Foto: Diego Peres / Secom / Governo do Amazonas

 

Acredite: no Brasil, sobrou dinheiro da educação. Precisamente, do novo modelo de Fundeb, o fundo de recursos criado para ser investido em escolas nas cidades mais vulneráveis do país. Mas, o que os políticos fizeram? 

Reportagem da Gazeta do Povo mostra como o envio de dinheiro público a estados e municípios, sem exigir como contrapartida a realização de projetos que, de fato, melhorem a qualidade nas escolas, está permitindo a utilização desses recursos de forma questionável – e, em alguns casos, até criminosa.

Em alguns lugares, governos e prefeituras têm utilizado o dinheiro para distribuir gratificações exorbitantes a profissionais da educação. Um dos abonos mais expressivos foi distribuído em Amazonas. O governo estadual anunciou, no dia 15 de dezembro, o que chamou de “maior abono da história em valores e em servidores contemplados” – já um início de campanha para as eleições de 2022. Os valores, pagos aos servidores da rede estadual de ensino no dia 23 de dezembro, chegam a R$ 37,8 mil por servidor. Ao todo, 33 mil servidores foram beneficiados com o rateio de um valor total próximo a R$ 480 milhões.

No Acre, o governador Gladson Cameli (PP) também promoveu um evento especial para revelar a gratificação de R$ 14 mil aos docentes. Já em São Paulo, 190 mil professores da rede estadual receberam até R$ 16 mil, dependendo da carga horária. Ao todo, R$ 1,6 bilhão foram empenhados nas gratificações.

Apesar de a distribuição do abono estar prevista na legislação sobre o novo Fundeb, questiona-se se a medida será traduzida em melhorias educacionais, sobretudo aos alunos com maiores necessidades, ou apenas abrirá espaço para gratificações inchadas e anualmente progressivas.

Mas não é só isso: as sobras do Fundeb estão sendo utilizadas em finalidades ainda mais controversas. Em Alpinópolis, Minas Gerais, por exemplo, um projeto de lei de autoria do prefeito Rafael Freire (PSB) aprovado pela Câmara de Vereadores autorizou o emprego de R$ 1 milhão na construção de uma garagem para apenas dez veículos da secretaria de Educação com recursos oriundos do Fundeb. Em que lugar no Brasil uma garagem para 10 carros custa R$ 1 milhão? O que a construção de uma garagem pode significar para a melhoria da educação em sala de aula?

Hoje, os políticos aprovam – com o apoio de meios de comunicação, ONGs, sindicatos de professores, etc. – projetos que são verdadeiros Cavalos de Troia: aumentam recursos para a educação sem fiscalizar a sua utilização. O resultado é que políticos, ONGs, sindicatos ficam cada vez mais ricos com os desvios de finalidade e a qualidade da educação cada vez pior, principalmente para os mais pobres.

 

 

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